tag:blogger.com,1999:blog-24976793996181610412024-03-14T05:23:33.685-03:00Paidéia GaúchaAndre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.comBlogger123125tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-15506688746571757062013-06-18T10:10:00.003-03:002013-06-18T10:11:39.023-03:00<div id="post-texto">
<div class="data">
18/06/2013</div>
<h1>
Saturação e projeto</h1>
<div id="post-texto">
<div id="redes_sociais" style="float: left; margin: 10px 0; text-align: left; width: 268px;">
<ul style="display: inline; margin: 0; padding: 0;">
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Editorial da Carta Maior </li>
</ul>
</div>
</div>
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<div class="corpo">
</div>
<div class="corpo">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<br />
A rapidez e a abrangência dos acontecimentos em marcha turvam a compreensão mais geral do que se passa no país.</div>
<div class="corpo" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="corpo" style="text-align: justify;">
Sentenças
frívolas e ligeirezas interessadas tentaram instrumentalizar o aluvião
desregrado, comprimindo-o entre as margens de uma canaleta estreita.<br />
<br />
Foram atropeladas.<br />
<br />
A mídia conservadora encabeça a série dos revezes. <br />
<br />
Movida
inicialmente pelo indisfarçável objetivo de desgastar gestões
progressistas – na esfera municipal e federal— os veículos conservadores
foram rapidamente desalojados da carona desautorizada.<br />
<br />
Da sofreguidão convocatória partiram para o linchamento dos ‘vândalos’. <br />
<br />
Em seguida, foram atropelados pela truculência repressiva, acobertada, no caso de São Paulo, pelo governo estadual que apoiam. <br />
<br />
Recuaram, entre estupefatos e perplexos.<br />
<br />
O que se viu nas últimas horas espraiou essa mesma perplexidade nas diferentes dimensões da vida política e partidária. <br />
<br />
Em 11 capitais, milhares foram às ruas.<br />
<br />
Os
20 centavos que motivaram a mobilização original em São Paulo , no dia
6 de junho, tornaram-se ainda mais irrisórios diante da abrangência e
da intensidade do que se vê, 12 dias depois. <br />
<br />
O que está em jogo é muito mais do que caraminguás. <br />
<br />
As ruas requisitam uma nova agenda política para o Brasil. <br />
<br />
Não significa desqualificar conquistas e avanços preciosos dos últimos anos.<br />
<br />
Mas a história apertou o passo. Talvez até porque a musculatura do percurso agora o permite.<br />
<br />
Mas a verdade é que as engrenagens e canais disponíveis não souberam interpretar o vapor acumulado nessa marcha batida. <br />
<br />
Um
viés economicista pretendeu resolver na macroeconomia – à frio – aquilo
que pertence ao escrutínio permanente da democracia: as escolhas do
futuro e os sacrifícios do presente. <br />
<br />
Restritas, em grande parte, à negociação parlamentar, essas escolhas foram blindadas com o ferrugem dos interesses consolidados.<br />
<br />
Com os desvios sabidos e as consequências conhecidas.<br />
<br />
As ruas requisitam um aggiornamento da agenda política brasileira.<br />
<br />
A
inauguração de um novo ciclo histórico depende de programas e projetos
que reflitam esse sentimento difuso que brota de norte a sul. <br />
<br />
Saturação diante do caos urbano. <br />
<br />
Angústia coletiva com o definhamento da dimensão pública da vida.<br />
<br />
Opressão da existência individual, sobrecarregada de demandas coletivas ainda não contempladas.<br />
<br />
Insensibilidade
da representação política tradicional diante do grito entalado no fundo
do peito de milhões que sacolejam diariamente nos ônibus e metrôs
lotados.<br />
<br />
Tudo isso e muito mais que isso.<br />
<br />
No capitalismo globalizado não temos mais o 'privilégio' do sofrimento exclusivamente local.<br />
<br />
A ordem neoliberal tornou-se uma usina de desordem urbi et orbi. <br />
<br />
Líderes não lideram. <br />
<br />
Mercados mandam. Governantes obedecem.<br />
<br />
A soberania nacional tornou-se intrinsecamente subversiva e disfuncional. Ao mesmo tempo e com igual intensidade.<br />
<br />
Os instrumentos convencionais de escrutínio coletivo não respondem aos estímulos. <br />
<br />
As urnas decidem; o dinheiro desautoriza. A mídia abjura.<br />
<br />
Os fundamentos do sistema perderam a aderência da sociedade. <br />
<br />
Como
um trem fora dos trilhos, o que seria o fim da História forma hoje um
comboio desgovernado, que marcha ora na inércia, ora fora dos trilhos. <br />
<br />
Mas não cai. E não cairá por si.<br />
<br />
A liderança do processo brasileiro está em aberto. <br />
<br />
Mais que isso.<br />
<br />
A
ausência de uma plataforma capaz de dar unidade e coerência a
aspirações fragmentadas e avulsas pode asfixiar o que as ruas tentam
dizer. <br />
<br />
Vem da Espanha reluzente de protestos na Praça do Sol um alerta desconcertante. <br />
<br />
Madri e Barcelona consagraram-se como o epicentro da indignação global. <br />
<br />
Desde
15 de maio de 2011, quando o 'Democracia Já' convocou uma manifestação
na Praça do Sol, até os protestos em 92 países, em 15 de outubro de
2011, passaram-se fulminantes cinco meses de ascensão linear das ruas. <br />
<br />
A passeata original deu lugar a um acampamento formado por um mar de indignados.<br />
<br />
A ocupação na Praça do Sol resistiria por 79 dias. <br />
<br />
O termo 'indignado' globalizou-se. <br />
<br />
Surgiu
o 'Ocupe Wall Street’, que mirou com argúcia o alvo da indignação: o
dinheiro sem pátria e a pátria rentista sem fronteira, mas detentora de
governos e Estados.<br />
<br />
Em outubro de 2011, o sentimento nascido na
Praça do Sol tornou-se o novo idioma político global, compartilhado por
um milhar de cidades em todos os continentes. <br />
<br />
Mas nem por isso imune às sombras.<br />
<br />
No
momento em que as praças rugiam a insatisfação de milhares de vozes, o
voto popular consagrava nas urnas o Partido Popular, de Aznar.<br />
<br />
A cepa herdeira do franquismo obteve uma vitória esmagadora nas eleições espanholas de 20 de novembro de 2011.<br />
<br />
A
votação recebida pelo conservadorismo, que hoje esfola e sangra o povo
espanhol, estendendo o desemprego a 52% de sua juventude, garantiu-lhe,
ainda, maioria folgada no Parlamento.<br />
<br />
O paradoxo do 'sol e da
escuridão' não pode ser esquecido, nem minimizado pelo frescor da
indignação que ecoa agora de uma dezena de capitais do país.<br />
<br />
Hoje, ninguém é de ninguém. <br />
<br />
Em política, como dizem, com razão, suas 'raposas', não existe vácuo.<br />
<br />
Na
Espanha, a vitória eleitoral do ultra-conservadorismo, em 2011, só foi
possível porque a abstenção, sobretudo jovem, atingiu proporções
epidêmicas no berço mundial dos indignados. <br />
<br />
A exemplo do que
ocorreu na Espanha, nos EUA e, mais recentemente, na Itália , em algum
momento os indignados brasileiros serão chamados a refletir - talvez
precocemente - sobre as escolhas do poder. <br />
<br />
O poder de Estado. <br />
<br />
Os compromissos que a luta pelo poder impõe. <br />
<br />
A
impossibilidade de ignorá-la; e, sobretudo, a escolha da melhor
estratégia para pautar o seu exercício, a cada movimento da história</div>
<div class="autor" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="autor" style="text-align: justify;">
Postado por Saul Leblon às 04:27</div>
</div>
</div>
Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-74594057227559805202013-06-13T09:40:00.000-03:002013-06-13T09:40:49.016-03:00Amigos, volto a ativar o Blog com uma bela análise de Saul Leblon, publicada no site Carta Maior, sobre os protestos contra o aumento das tarifas de transporte em São Paulo. Uma análise que serve para qualquer metrópole do Brasil, basta um comando de substituição de palavras: onde se lê São Paulo substituir por Porto alegre, por exemplo.<br />
Boa leitura.<br />
<br />
<h2>
A resposta é mais democracia</h2>
Saul Leblon - Carta maior 12/06/2013<br />
<br />
<br />
Não enxergar o elo entre as ruas e o ciclo histórico costuma ser fatal às lideranças de uma época. <br />
<br />
Acreditar que o elo, no caso dos recentes protestos em São Paulo, está no aumento de 20 centavos sobre uma tarifa de transporte congelada desde janeiro de 2011, é ingenuidade.<br />
<br />
Supor que a ordenação entre uma coisa e outra poderá ser restabelecida à base de cassetetes e pedradas é o passaporte para o desastre.<br />
<br />
Desastre progressista, bem entendido.<br />
<br />
A lógica conservadora nunca alimentou dúvidas existenciais ou políticas quanto a melhor forma de manter o caos nos eixos. <br />
<br />
Esse é um apanágio do seu repertório histórico.<br />
<br />
O colapso do trânsito, inclua-se nesse desmanche o custo e o tempo despendidos nos deslocamentos, é apenas o termômetro mais evidente de um metabolismo urbano comatoso.<br />
<br />
Cerca de 1/3 dos paulistanos, aqueles mais pobres, residentes nas periferias distantes, levam mais de uma, a até mais de duas horas no trajeto da casa ao trabalho.<br />
<br />
Os tempos indicados são referentes à ida; não consideram o gasto no retorno.<br />
<br />
Os dados são de pesquisa recente do Ibope.<br />
<br />
Não se produz uma irracionalidade desse calibre sem um acumulo deliberado. <br />
<br />
Estudos do Ipea reiteram a piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992.<br />
<br />
O Brasil tem a taxa de urbanização mais alta em uma América Latina que lidera o ranking mundial nesse indicador, diz a ONU.<br />
<br />
O país concluiu a transição rural/urbana em três décadas, açoitado pela política de modernização conservadora do campo.<br />
<br />
Isso se fez sob a chibata de uma ditadura militar .<br />
<br />
E não poderia ter sido feito exceto assim.<br />
<br />
A virulência do Estado ditatorial fez em um terço do tempo aquilo que as nações ricas levaram um século para realizar.<br />
<br />
A coagulação da insensatez na atual ‘imobilidade urbana’ reflete o saldo de perdas e danos dessa marcha batida da história.<br />
<br />
O crescimento populacional desordenado das grandes cidades, agudizado pelas referidas migrações é um dos alicerces da ruína. <br />
<br />
Ancorada na omissão pública de décadas, a expansão irracional e especulativa da mancha urbana ganhou vida própria. <br />
<br />
Com os desdobramentos logísticos sabidos: aumento das taxas de deslocamento e motorização; explosão dos congestionamentos e do custo do transporte na vida da cidade e no bolso de cada cidadão.<br />
<br />
Não é figura de retórica dizer que esses ingredientes acionam o pino de cada bomba de gás lacrimogênio e faíscam o pavio de cada enfrentamento irrefletido nas batalhas campais registradas na cidade de São Paulo em menos de uma semana.<br />
<br />
Repita-se: o conservadorismo tem certezas esféricas quanto a melhor forma de lidar com a nitroglicerina social contida nas cápsulas de concreto que ergueu no país nas últimas décadas. <br />
<br />
Suas escolhas não podem ser as mesmas das forças progressistas.<br />
<br />
O nivelamento regressivo acontecerá caso a inércia política ceda o comando dos acontecimentos à lógica da violência.<br />
<br />
No caso dos protestos em São Paulo, a responsabilidade da autoridade municipal é superlativa. <br />
<br />
Cabe-lhe reafirmar o divisor entre a gestão progressista de uma sociedade e a visão conservadora sobre os seus conflitos.<br />
<br />
Carta Maior saudou a vitória de Fernando Haddad em 2012 por entender, como entende, que ele representa o resgate do cimento da democracia na reconstrução de São Paulo.<br />
<br />
Mais que isso.<br />
<br />
Por entender que a sorte de São Paulo sob a liderança da nova administração marcará o destino da agenda progressista brasileira no período em curso. <br />
<br />
A maior metrópole latino-americana constitui um gigantesco laboratório de desafios e recursos.<br />
<br />
Tem a escala necessária para gerar contracorrentes vigorosas, a ponto de sacudir e renovar a agenda da esquerda brasileira, após mais de uma década no comando do país. <br />
<br />
A deriva em que se encontram os serviços e espaços públicos da cidade é obra meticulosa e secular de elites predadoras.<br />
<br />
Ao longo de décadas, a Prefeitura consolidou-se aos olhos da população como um anexo dessa lógica expropriatória, quando deveria funcionar como um escudo do interesse coletivo.<br />
<br />
Incapaz de se contrapor à tragédia estrutural que marca a luta pela vida em São Paulo, tornou-se uma ferramenta irrelevante aos olhos da cidadania.<br />
<br />
A tragédia se completa com o descrédito da população em relação ao seu próprio peso na ordenação institucional da cidade.<br />
<br />
Daí para acender uma espiral de enfrentamentos bastam 20 centavos de diferença na tarifa.<br />
<br />
Sim, há outras nuances e interesses entrelaçados ao destaque esquizofrênico com que a mídia convoca e, depois, alardeia o caos a cada protesto.<br />
<br />
Tais motivações são as mesmas que fizeram do tomate um astro olímpico na modalidade ‘descontrole dos preços’, há menos de um mês. <br />
<br />
As mesmas que hoje alardeiam ‘a explosão’ do dólar – e, ontem, denunciavam o ‘populismo cambial’ e os malefícios, verdadeiros, do Real sobrevalorizado.<br />
<br />
Essas motivações exercitam sua sofreguidão cotidianamente na mesmice de uma mídia que se esboroa sob o peso de sua própria irrelevância jornalística.<br />
<br />
A resposta da Prefeitura de São Paulo aos protestos não deve se pautar pelos uivos do jogral conservador.<br />
<br />
Não se trata, tampouco, de conciliar com a violência gratuita.<br />
<br />
Mas, sim, de encarar as manifestações como um mirante privilegiado para fixar uma nova referência na vida da cidade.<br />
<br />
Qual seja, a de calafetar o abismo conservador que predominou secularmente na relação entre a Prefeitura e os moradores da metrópole, sobretudo a sua parcela mais pobre.<br />
<br />
O trunfo do prefeito Fernando Haddad é ter sido eleito para isso.<br />
<br />
Ele tem legitimidade para subtrair espaços à engrenagem opressora e devolve-los a uma cidadania há muito alijada das decisões referentes ao seu destino e ao destino do seu lugar.<br />
<br />
Um salto de qualidade e intensidade na participação democrática na gestão da cidade.<br />
<br />
Essa é a resposta para a fornalha da insatisfação, da qual os incidentes de agora podem representar apenas um prenúncio pedagógico.<br />
<br />
São Paulo é o produto mais representativo do capitalismo brasileiro. <br />
<br />
Um labirinto de contradições, uma geringonça que emperra e se arrasta, desperdiça energia e cospe gente enquanto tritura e refaz o seu concreto de desigualdade.<br />
<br />
Não há solução administrativa ou orçamentária imediata para o caos deliberadamente construído aqui.<br />
<br />
A resposta à lógica que sequestrou a cidade dos seus cidadãos é devolvê-la a eles fortalecendo os canais existentes e abrindo outros novos, que dilatem o seu discernimento e a capacidade de erguer linhas de passagem entre o presente e o futuro. <br />
<br />
A alternativa é a anomia, eventualmente sacudida de gás lacrimogênio e pedradas.<br />
<br />
(*) NR: a menção ao uso de coquetel molotov nas manifestações foi suprimida do texto por se tratar de informação divulgada pelo aparato policial, sem comprovação até o momento (12/06/2013; 23h51)<br />
<br />
<br />
<br />Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-76329631501262954042011-09-30T15:19:00.000-03:002011-09-30T15:19:37.117-03:00QUEM AMA PROTEGE<h3 class="post-title entry-title"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;"><em><span style="font-size: xx-small;">Valor - Carlos Lessa <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ</span></em></span></h3><h3 class="post-title entry-title" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-weight: normal;">Quero felicitar a senhora presidente da República por ter lançado em discussão a reinstalação da Contribuição Provisória sobre as Movimentações Financeiras (CPMF). A Constituição de 1988, ao criar o conceito de orçamento de seguridade social, manteve a base salários e a ampliou, potencialmente, com contribuições a serem instituídas sobre lucros e faturamento das empresas. O orçamento de seguridade englobaria os gastos previdenciários, de saúde e de assistência social, mas, de forma cruel, foi descaracterizada essa proposta dos constituintes.</span></span></h3><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">As contribuições sociais, criadas como formas de tributação do governo federal, foram desviadas para a caixa única e o superávit primário a serviço dos pagamentos de juros. A área de saúde - pressionada pelo crescimento demográfico, pela elevação da idade média de vida e pela ansiedade popular por melhoria da qualidade dos serviços preventivos de saúde - foi beneficiada pela CPMF. Entretanto, o buraco negro dos juros atraiu para o caixa único e superávit primário os novos recursos tributários criados pela CPMF. O desvio da finalidade social foi a justificativa formal para a extinção da contribuição.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">Quero confirmar as palavras da presidente. A CPMF tributa, com custo administrativo baixo, todas as transações financeiras e, ao fazê-lo, explicita todos os que realizam essas transações. Assim sendo, põe a nu laranjas, laranjinhas e laranjais, ou seja, identifica especuladores com transações financeiras. Houve um erro social em tributar a movimentação do salário; deveriam ser isentas as primeiras transações financeiras com os salários. Nesse caso, uma "CMF" seria extremamente justa, pois quem faz transações financeiras frequentes e crescentes são os grupos de média e alta renda; quem vive disso são os especuladores nacionais e estrangeiros viciados em juros e ganhos na arbitragem de papéis financeiros. Lamentavelmente, a presidente teve que recuar. O povão não apoiou a CPMF porque está escaldado pelo desvio sistemático dos recursos, que deveriam alimentar as políticas sociais, para o pagamento de juros e vazamentos de corrupção.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">No momento, a presidência da República está submetida ao bombardeio de forças conservadoras - ideologicamente contrárias à industrialização e sustentadoras dos interesses de importadores de veículos - que a acusam de reinstalar o protecionismo industrial. A mídia denuncia o protecionismo brasileiro como um "pecado"(?!), mas esquece que todas as atuais potências do mundo praticaram protecionismo.</span></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">Os EUA, maior potência mundial, foram intensamente protecionistas de sua industrialização, e ainda hoje praticam, de forma mais evidente, a proteção de sua produção agrícola e "subsidiam" o avanço científico e tecnológico derivado do maior orçamento militar do planeta, indo da ruptura diplomática à guerra aberta para proteger seus interesses. A China, como potência emergente, pratica, de forma disfarçada, um protecionismo ultraeficiente. As grandes nações europeias e o Japão também praticaram protecionismo durante décadas de suas histórias industriais e protegem de forma explícita suas atividades agrícolas. O discurso contra o protecionismo é o discurso das nações industrializadas e dominantes.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">O Brasil cresceu sua economia sem parar, entre 1930 e 1980. Éramos basicamente um cafezal e construímos um sistema industrial bastante sofisticado. Após, com a década perdida, seguida dos anos FHC e Lula, tivemos um crescimento industrial medíocre - e setores e cadeias produtivas foram destruídos. Entre 2002 e 2010, foi medíocre o crescimento da indústria de transformação, comparado à evolução da agropecuária e da mineração. O professor Reinaldo Gonçalves chama a atenção para o processo de "desindustrialização", mediante a substituição negativa de produção interna por importações. É dramática a opção brasileira de ser um "celeiro do mundo" sendo um país onde ampla fração da população passa fome. É dramática a migração de força de trabalho brasileira para o exterior, agora estancada pela crise mundial.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">É uma salada o conceito de Bric. Pode servir apenas para massagear o nosso "ego" com uma retórica inconsistente de sucesso. Além da extensão territorial e da população, temos características radicalmente distintas da Rússia, da Índia e da China. Nosso minério de ferro serve para os chineses deslocarem, com seu aço, o produto brasileiro do Mercosul. É terrível, em longo prazo, a situação social da Índia. A Rússia sobrevive com petróleo e gás, e tenta integrar-se à Europa faminta de energia. Nós temos o melhor balanço energético do mundo e um enorme potencial hidrelétrico e petrolífero, porém não sabemos utilizá-lo estrategicamente; não temos um modelo de desenvolvimento.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">O pátio das montadoras acumula quase 400 mil veículos. É o maior número, desde 2008. As vendas de importados cresceram 28,6% em agosto, em relação ao ano passado, contra a queda de 0,7% de veículos novos produzidos no Brasil. A maioria provém da Argentina e do México (o Brasil isenta esses veículos da tarifa de 35%; o Fiat 500 oriundo do México custa bem menos que o importado da Polônia). O complexo metal-mecânico é, hoje, uma caricatura do sonho industrializante de Juscelino Kubitschek, que queria a indústria de autopeças e componentes. A medida da Presidência determina um mínimo de 65% de componentes produzidos no Brasil, ainda que abrindo mão da exigência de empresas sob controle de capital nacional. Sugeriria um compromisso progressivo até 90%, pois, sendo uma pretensão da Presidência o desenvolvimento científico e tecnológico, convém alertar que o motor e os componentes mais sofisticados (com informática agregada) serão importados.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; mso-themecolor: text1;">O modesto e tímido passo para reservar o mercado brasileiro para a mão de obra nacional está sendo demonizado. Espero que a presidência não recue: mantenha (e amplie) o protecionismo para o conjunto de outras atividades industriais brasileiras ameaçadas. <em><span style="font-size: xx-small;"></span></em></span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-68545672270861811532011-09-30T15:05:00.002-03:002011-09-30T15:05:25.119-03:00Zero e UmVladimir Safatle <br />
Na Folha de São Paulo<br />
<br />
Há tempos, as pesquisas em inteligência artificial procuram criar um computador que tenha a complexidade de um cérebro humano.<br />
Bem, certos setores do debate nacional de ideias conseguiram o inverso: criar cérebros que parecem mimetizar as restrições de um computador. Pois eles são como hardwares que suportam apenas um pensamento binário, onde tudo é organizado a partir de "zero" e "um".<br />
De fato, o Brasil tem de conviver atualmente com debates onde o mundo parece se dividir em dois. Não há nuances, inversões ou possibilidades de autocrítica.<br />
Jean-Paul Sartre costumava dizer que o verdadeiro pensamento pensa contra si mesmo.<br />
Este é, por sinal, um bom ponto de partida para se orientar em discussões: nunca levar a sério alguém incapaz de pensar contra si mesmo, incapaz de problematizar suas próprias certezas devido à redução dos argumentos opostos a reles caricatura.<br />
Afinal, se estamos no reino do pensamento binário, então só posso estar absolutamente certo e o outro, ridiculamente errado. Daí porque a única coisa a fazer é apresentar o outro sob os traços do sarcasmo e da redução irônica. Mostrar que, por trás de seus pretensos argumentos, há apenas desvio moral e sede de poder.<br />
Isso quando a desqualificação não passa pela simples tentativa de infantilizá-lo. Alguns chamam isso de "debate". Eu não chegaria a tanto.<br />
Infelizmente, tal pensamento binário tem cadeira cativa nas discussões políticas.<br />
Se você critica as brutais desigualdades das sociedades capitalistas, insiste no esvaziamento da vida democrática sob os mantos da democracia parlamentar, então está sorrateiramente à procura de reconstruir a União Soviética ou de exportar o modelo da Coreia do Norte para o mundo.<br />
Se você critica os descaminhos da Revolução Cubana ou a incapacidade da esquerda em aumentar a densidade da participação popular nas decisões governamentais, criando, em seu lugar, uma nova burocracia de extração sindical, então você ingenuamente alimenta o flanco da direita.<br />
Esse binarismo só pode se sustentar por meio da crença de que nenhum acontecimento ocorrerá. Tudo o que virá no futuro é a simples repetição do passado. Não há contingência que possa me ensinar algo. Só há acontecimento quando este reforça minhas certezas.<br />
O resto é "fogo-fátuo" e conspiração. É possível encontrar modelos desse raciocínio à esquerda e à direita. No entanto não precisamos de nenhum deles.<br />
Precisamos de um pensamento com a coragem de admitir acontecimentos que nos desorientam. Pois -e este é um dos elementos mais impressionantes da vida- quando fechamos os olhos para tais acontecimentos, eles, de fato, desaparecem.Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-85522944593239753862011-09-30T15:04:00.002-03:002011-09-30T15:04:26.566-03:00Suportar a Verdade<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"><b>Por Vladimir Safatle</b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"><b>Na <a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2009201106.htm">Folha de São Paulo</a></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"><br />
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<div style="text-align: justify;"> <span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Nos próximos dias, o governo deve conseguir aprovar, no Congresso, seu projeto para a constituição de uma Comissão da Verdade. O que deveria ser motivo de comemoração para aqueles realmente preocupados com o legado da ditadura militar e com os crimes contra a humanidade cometidos neste período será, no entanto, razão para profundo sentimento de vergonha.</span><br />
<a href="" name="more"></a><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Pressionado pela Corte Interamericana de Justiça, que denunciou a situação aberrante do Brasil quanto à elucidação e punição dos crimes de tortura, sequestro, assassinato, estupro e ocultação de cadáveres perpetrados pelo Estado ilegal que vigorou durante a ditadura militar, o governo brasileiro precisava mostrar que fizera algo.</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">No caso, "algo" significa uma Comissão da Verdade aprovada a toque de caixa, sem autonomia orçamentária, sem poder de julgar, com apenas sete membros que devem trabalhar por dois anos, sendo que comissões similares chegam a ter 200 pessoas.</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Tal comissão terá representantes dos militares, ou seja, daqueles que serão investigados. Como se isso não bastasse, a fim de tirar o foco e não melindrar os que se locupletaram com a ditadura e que ainda dão o ar de sua graça na política nacional, ela investigará também crimes que porventura teriam ocorrido no período 1946-64. Algo mais próximo de uma piada de mau gosto.</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Um país que, na contramão do resto do mundo, tende a compreender exigências amplas de justiça como "revanchismo" não tem o direito de se indignar com a impunidade que se dissemina em vários setores da vida nacional.</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Aqueles que preferem nada saber sobre os crimes do passado ainda estão intelectualmente associados ao espírito do que procuram esquecer.</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">O povo brasileiro tem o direito de saber, por exemplo, que os aparelhos de tortura e assassinato foram pagos com dinheiro de empresas privadas, empreiteiras e multinacionais que hoje gastam fortunas em publicidade para falar de ética. Ele tem o direito de saber quem pagou e quanto.</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Esta é, sem dúvida, a parte mais obscura da ditadura militar. Ou seja, espera-se de uma Comissão da Verdade que ela exponha, além dos crimes citados, o vínculo incestuoso entre militares e empresariado. Vínculo este que ajuda a explicar o fato da ditadura militar ter sido um dos momentos de alta corrupção na história brasileira (basta lembrar casos como Capemi, Coroa Brastel, Lutfalla, Baumgarten, Tucuruí, Banco Econômico, Transamazônica, ponte Rio-Niterói, relatório Saraiva acusando de corrupção Delfim Netto, entre tantos outros).</span><span class="Apple-style-span"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Está na hora de perguntar, como faz um seminário hoje no Departamento de Filosofia da USP: Quanta verdade o Brasil suporta?</span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-78653599618909515882011-09-30T15:03:00.000-03:002011-09-30T15:03:23.539-03:00Voltando...<div style="text-align: justify;">Vou, novamente, tentar voltar a publicar aqui no blog. Reinicio publicando três textos: dois de Vladimir Safatle, filósofo, colunista da Folha de São Paulo, e um de Carlos Lessa, economista, ex-Presidente do BNDES. </div><div style="text-align: justify;">Os dois primeiros textos, publico especialmente por apresentarem uma reflexão que pode estabelecer marcos para pensar de uma forma menos simplista - dado pela maioria - o tema "como enfrentar a corrupção". Isto embora nenhum dos dois trate especificamente deste tema. </div><div style="text-align: justify;">A maioria, e em particular pela "grande" mídia, traça uma relação direta, linear e praticamente exclusiva, da corrupção com os políticos. Portanto, nesta linha, menos políticos=menos corrupção. Os políticos, nesta versão, deveriam ser substituídos por técnicos. No texto sobre a Comissão da Verdade, intitulado "Suportar a Verdade", Safatle nos lembra que uma nuance desta saída já foi urdida no passado, em uma página deletéria da história brasileira, onde militares (técnicos da guerra, não?) substituiram políticos democraticamente eleitos, e tudo o que não se produziu foi redução da corrupção:</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> "<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">Esta é, sem dúvida, a parte mais obscura da ditadura militar. Ou seja, espera-se de uma Comissão da Verdade que ela exponha, além dos crimes citados, o vínculo incestuoso entre militares e empresariado. Vínculo este que ajuda a explicar <b>o fato da ditadura militar ter sido um dos momentos de alta corrupção na história brasileira (basta lembrar casos como Capemi, Coroa Brastel, Lutfalla, Baumgarten, Tucuruí, Banco Econômico, Transamazônica, ponte Rio-Niterói, relatório Saraiva acusando de corrupção Delfim Netto, entre tantos outros)</b>."</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"></span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px;">No outro texto, aparece uma pista sobre o caminho que poderíamos tomar para enfrentar, em nível político, o traumático tema da corrupção. Qual a construção institucional bloqueada, na esquerda e na direita do espectro político, a ponto de sequer entrar nas discussões sobre reforma política?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;">"Se você critica as brutais desigualdades das sociedades capitalistas, insiste no esvaziamento da vida democrática sob os mantos da democracia parlamentar, então está sorrateiramente à procura de reconstruir a União Soviética ou de exportar o modelo da Coreia do Norte para o mundo.<br />
Se você critica os descaminhos da Revolução Cubana ou a incapacidade da esquerda em <b>aumentar a densidade da participação popular nas decisões governamentais</b>, criando, em seu lugar, uma nova burocracia de extração sindical, então você ingenuamente alimenta o flanco da direita.<span class="Apple-style-span"></span>"</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> O terceiro texto, de Carlos Lessa, publico por apresentar, como pano de fundo, a promíscua cruza entre a "grande" mídia e empresas privadas anunciantes (no caso particular, as importadoras de automóveis). Nesse texto, Carlos Lessa desnuda, sutilmente, como uma opinião interessada traveste-se de opinião dirigida exclusivamente para a pridução do bem comum. </div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-58533785158237046922011-05-05T20:00:00.000-03:002011-05-05T20:00:39.066-03:00Lula, Dilma e o futuro do BrasilEmir Sader<br />
Publicado originalmente no <a href="http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=696">Blog do Emir</a><br />
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Os brasileiros foram decidindo, ao longo dos últimos anos, o tipo de país que queremos. Lula tornou-se o presidente de todos os brasileiros, ancorado em um modelo econômico e social de democratização do país. Reformulou o modelo econômico e o acoplou indissoluvelmente a políticas sociais de distribuição de renda, de criação de emprego e de resgate da massa mais pobre do país. Dilma pretende consolidar essa hegemonia também no plano político.<br />
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Mas a questão essencial, aberta, sobre o futuro do Brasil, não se dará nesses planos: o modelo econômico, submetido a difíceis e inevitáveis readequações, será esse, com aprofundamento e extensão das politicas sociais. A possibilidade do governo consolidar sua maioria e de se intensificar e estender a sangria da oposição, é muito grande.<br />
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A questão fundamental que decidirá o futuro do Brasil se dá no plano dos valores. Nosso país foi profundamente transformado em décadas recentes. Esgotado o impulso democrático pela frustração de termos um governo que democratizasse o país não apenas no plano político e institucional, mas também nas profundas estruturas injustas e monopólicas geradas e/ou consolidadas na ditadura, sofremos a ofensiva neoliberal dos governos Collor, Itamar e FHC, que não apenas transformaram o Estado e a sociedade brasileiros, mas também os valores predominantes no país. <br />
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O resgate no plano da economia e das relações sociais que o governo Lula logrou - e a que o governo Dilma dá continuidade – não afetou os valores predominantes instalados na década anterior. O justo atendimento das necessidades de acesso aos bens e serviços básicos de consumo da massa mais pobre da população foi acompanhada, pela retomada da expansão econômica, pela continuidade e a extensão dos estilos de consumo e dos valores correspondentes gerados no período anterior.<br />
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Que valores são esses? Eles se fundamentam na concepção neoliberal da centralidade do mercado em detrimento dos direitos, do consumidor em detrimento do cidadão, da competição em detrimento do justo atendimento das necessidades de todos. É o chamado “modo de vida norteamericano”, que se difundiu com a globalização e com a hegemonia mundial que os EUA conquistaram no final da guerra fria, com o fim do mundo bipolar e sua ascensão a única potencia global.<br />
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Trata-se de uma visão do mundo não centrada nos direitos, na justiça, na igualdade, mas na competição entre todos no mercado, esse espaço profundamente desigual e injusto, que não reconhece direitos, que multiplica incessantemente a concentração de riqueza e a marginalização da grande maioria.<br />
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A extensão do acesso ao consumo para todos e o monopólio dos meios de comunicação – concentrados em empresas financiadas pelos grandes monopólios privados – favoreceram que as transformações econômicas e sociais não tivessem desdobramentos no plano da ideologia, dos valores, no plano cultural e educativo. No momento em que a ascensão social das camadas pobres da população ganha uma dimensão extraordinária, o tema dos valores que essas novas camadas que conseguem, pela primeira vez, ter acesso a bens fundamentais, fica em aberto que valores serão assumidos por esses setores, majoritários na sociedade brasileira.<br />
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Não por acaso setores opositores, em meio a uma profunda crise de identidade, tentam apontar para essas camadas sociais ascendentes como seu objetivo, para buscar novas bases sociais de apoio. E o próprio governo tem consciência que na disputa sobre os valores desses setores ascendentes se joga o futuro da sociedade brasileira.<br />
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Há várias questões pendentes, preocupantes, com que o governo Dilma se enfrenta. As readequações da política econômica não conseguiram ainda dar conta da extensão dos problemas a enfrentar: taxas de juros altas e em processo de elevação, desindustrialização, riscos inflacionários, insatisfação com o aumento do salario mínimo – para citar apenas alguns. <br />
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Da mesma forma que as condições em que se dão obras do PAC revela como a acelerada busca dos objetivos do plano não levou devidamente em consideração as condições a que as empreiteiras submetem as dezenas de milhares de trabalhadores das obras mais importantes do governo federal. Jirau, Santo Antonio, Belo Monte – são temas que estão longe de ter sido devidamente equacionados.<br />
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As mudanças, mesmo se de nuance, na politica externa, suscitam perguntas sobre se a equilibrada formulação de perseguir o respeito aos direitos humanos sem distinção do país, se reflete na realidade, quando inseridas em um mundo extremamente assimétrico, em que, por exemplo, o Irã é denunciado, enquanto os EUA – por Guantánamo – e Israel – pela Palestina – não são tratados da mesma forma. Em que a Líbia é bombardeada, enquanto se trata de maneira diferenciada a países em que se dá o mesmo tipo de movimento opositor, como o Iémen e o Bahrein, para citar apenas alguns casos. Se iniciativas que impeçam que se trate, objetivamente, de dois pesos, duas medidas, não forem tomadas, o equilíbrio que se busca não se refletirá no conflitivo e desequilibrado marco de relações internacionais.<br />
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Mas a questão estrategicamente central - mencionada anteriormente - é a questão das ideias, dos valores, da cultura, das formas de sociabilidade. Nisso, as dificuldades na politica cultural (retrocessos, isolamento politico, ausência de propostas, falta de consciência da dimensão da politica cultural no Brasil contemporâneo), na educativa - com a indispensável e estreita articulação entre politicas educativas e culturais - e o seu desdobramento fundamental nas politicas de comunicação, são os elementos chave. Com a integração das políticas sociais – do Bolsa Família às praças do PAC -, das politicas de direitos – dos direitos humanos aos das mulheres e de todos os setores ainda postergados no plano da cidadania plena – deveria ir se constituindo uma estratégica ampla e global para promover e favorecer formas solidárias e humanistas de sociabilidade. Para que estejamos a favor do governo não apenas porque nossa situação individual está melhor, mas porque o principal problema que o Brasil arrasta ao longo do tempo – a desigualdade, a injustiça social, a marginalização das camadas mais pobres – tem tido respostas positivas e sua superação é o principal objetivo do governo. <br />
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Foi criada no Brasil uma nova maioria social e politica, que elegeu, reelegeu Lula e elegeu Dilma. Trata-se agora de consolidar essa nova maioria no plano das ideias, dos valores, da ideologia, da cultura. Esse o maior e decisivo desafio, que vai definir a fisionomia do Brasil da primeira metade do século XXI.Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-34522718569445914252011-04-29T16:09:00.001-03:002011-04-29T16:14:58.393-03:00Texto do Enéas de Souza sobre as duas grandes adversidades do governo Dilma<div style="text-align: justify;">O texto abaixo, "As duas Grandes Adversidades do Governo Dilma", serve como um excelente balisador para acompanhar a trajetória que desenvolverá o governo Dilma. Segundo Enéas, para concretizar seu projeto nacional o governo Dilma terá que superar duas adversidades: as complicações nascidas de uma nova etapa de uma nova ordem política e econômica mundial - com implicações sobre a estratégia de inserção internacional do Brasil - e um cenário doméstico de intensificação das lutas sociais, em boa parte fruto dos sucessos obtidos pela etapa anterior do projeto político a que se filia: o governo Lula. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A hipótese central de Enéas é que <span style="font-size: small;"><b>"p</b><b>ara encarar essa dupla adversidade, Dilma tem que contar com o Estado."</b> É com ele que se encara o pesado jogo das disputas na arena política e econômica internacional e, também, é ele o único com capacidade de "organizar" as disputas sociais internas. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O problema é que a organização estatal existente no Brasil não é apropriada para enfrentar, com a devida força e competência, a dupla adversidade que se apresenta. Segundo Enéas: </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;">"o Estado não conseguiu dar um salto próprio, nem conseguiu realizar uma parceria hegemônica com o setor privado, capaz de atuar no interesse nacional e não no interesse dos grupos particulares. Por isso, não tem forças para poder controlar o câmbio, nem definir positivamente a taxa de juros, nem ter uma política econômica global, etc."</span></b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Este salto estaria esbarando na <b>"</b><b>resistência dos dominantes e nas múltiplas questões que se agravam no país". </b>Organizar e por em operação uma estratégia clara e mudar o Estado de patamar é o primeiro e grande problema. A de Lula já não serviria mais e, para Enéas, o governo Dilma ainda não conseguiu estabelecer, operar, a sua:</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: small;">"Seja porque as relações das forças sociais nacionais e internacionais não permitem; seja porque o governo ainda está se instalando; seja porque ainda está enfraquecido pela ideologia neoliberal que teve vigência desde os anos 90; seja porque, na luta internacional, o modelo chinês de presença do Estado não encontrou ainda caminho de expansão; seja porque é preciso novamente acumular forças </span><span style="font-size: small;">para tentar progredir para uma nova organização estatal</span></b><b><span style="font-size: small;">(...)"</span><span style="font-size: small;"> </span></b><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"> O governo Dilma tem então, a dura tarefa de reorganizar o seu Estado em meio a reorganização (ainda com destino controverso, como revelam as análises diversas de gente como Arrighi, Wallertein e Fiori, embora exista o consenso de que não será unipolar) da ordem política e econômica mundial e do latente aumento das tensões sociais internas ao Brasil. Não é pouco...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br />
</span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-29778946839318761212011-04-29T11:47:00.000-03:002011-04-29T11:47:34.439-03:00AS DUAS GRANDES ADVERSIDADES DE DILMA Por Enéas de Souza<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><strong>1</strong>)As novas questões do Brasil passam pela reordenação de sua política de longo e de curto prazo. Na época de Lula tivemos a passagem, com o olho bem aberto, de objetivos imediatos, marca de FHC dominado pelo neoliberalismo, para um tratamento estratégico dos dois termos temporais citados, definidos por um projeto nacional. O objetivo era sair do labirinto de políticas de duração exígua, concepção do setor financeiro, rumo a uma inserção do Brasil na ordem econômica da globalização. Um futuro mais claro à frente com uma novidade substancial: uma política econômica de melhoria da renda e do emprego. Fazia parte deste projeto a presença do país como um ator de média estatura na política externa, alvo que foi plenamente atingido, tanto que Lula se tornou a grande figura da política mundial em 2010. </span><br />
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<span style="font-size: medium;"><strong>2</strong>) É preciso ver que as ações na realidade externa são expressões do lado de dentro da sociedade, com uma dose de pimenta dada pelo Estado. O jogo dos grupos sociais tinha se alterado na arena de combates do Brasil durante a primeira década do século XXI. Uma força vital começou a desaguar no governo lulista através do apoio das classes menos favorecidas, por causa da nova formulação da política econômica. E esta força voluptuosa cresceu diante da articulação/desarticulação financeira e produtiva, sobretudo porque esta última área, insatisfeita com a imperiosidade das finanças, aderiu a um projeto mais produtivista, mais de acordo com a facção social que Lula representava. E o grande emblema dessa mutação foi José de Alencar, figura que revelou muito bem essa faceta, pondo uma garantia e um cimento entre a produção e os trabalhadores. Cabe destacar igualmente que as finanças perderam terreno, pois tiveram uma paralisia na sua aliança internacional/nacional por ocasião da crise de 2007. A divergência dos empresários, a associação capital produtivo/trabalho e o crescimento da figura da população transformaram o campo da ação política de Lula.</span><br />
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<span style="font-size: medium;"> </span><br />
<span style="font-size: medium;"><strong>3</strong>) O tempo é algoz implacável dos homens e das sociedades. E vai alterando as suas configurações, uma vez que ele se opõe a si próprio. Como a água, toma a forma de outros recipientes, de outros copos, de outros cálices. Então, o mundo, assumindo a fisionomia do rio de Heráclito, muda de forma permanente. A consequência é que Dilma encontrou, após a eleição, uma dupla adversidade no plano de vôo da nação. A primeira aparece no campo externo: o mundo apresenta uma enredada mundialização em tumulto. Aqui há uma acentuada presença ativa da China, acumulando triunfos políticos e econômicos, com uma estratégia nítida e insistente. Aqui há também um desequilíbrio americano, com ponteiros domésticos em desacerto, buscando fazer uma revisão dolorosa de sua política externa unilateral e militar, tentando barrar os revezes financeiros privados e públicos, e percebendo uma decadência produtiva e mercantil a exigir uma metamorfose tecnológica e empresarial. Ou seja, a geo-economia e geopolítica do planeta aquecem a temperatura dos conflitos. Desenha-se a figura de uma rota de futura bi-polaridade, atravessada, Deus dirá se é verdade, por tintas e cores de múltiplas influências, pois a Índia, a Rússia e o Brasil e tantos outros, tratam de alterar suas posições relativas no conjunto internacional em movimento. </span><br />
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<span style="font-size: medium;"> </span><br />
<span style="font-size: medium;"><strong>4</strong>) Dito de outra forma: Dilma está em face de uma outra etapa de uma nova ordem política e econômica mundial. Tem que ter cautela para agir. E para bem agir, há que pesar os caminhos retos, sinuosos, ou em ziguezague, o mundo não tem mais a cara da unipolaridade americana. Ele está mais complexo e mais à beira do precipício. Os quatro cavaleiros do apocalipse ainda estão cavalgando: crise financeira em desdobramento, mudança do tabuleiro dos conflitos políticos, retorno do movimento social para a ultra-direita e ideologia selvagem dos cortes sociais. </span><br />
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<span style="font-size: medium;"> </span><br />
<span style="font-size: medium;"><strong>5</strong>) Esmiuçando a segunda adversidade, que tem origem nas discórdias internas, vê-se que Dilma está diante de um quadro de luta social mais candente. O fogo do caldeirão já está aceso. Os banqueiros que estavam felizes, com FHC e com Lula, viram, no final do Lula II, as astúcias desse último. A política econômica escorada nos interesses dos bancos e do capital internacional tinha agora um novo sócio; sócio minoritário, de fato, mas novo sócio: as classes trabalhadoras e as deserdadas. Lula tinha feito uma manobra fantástica, com as sobras dos recursos dirigidos às finanças, achou uma janela entreaberta. E culminou por construir uma política coerente para as classes pobres (desde uma política de aumento real do salário mínimo, do programa Bolsa-Família até o começo de uma outra política de habitação). Hoje, estes passos elevaram as tensões sociais de maneira muito forte. Os bancos retornaram, junto com um novo suspiro das finanças internacionais, com o desespero da grande imprensa e de parte dos empresários produtivos ameaçados pela China, a forçarem uma política mais conservadora. Na verdade, o objetivo dos bancos é retornar e desenvolver uma política econômica de figurino financeiro. Em resumo: Dilma está diante desta onda de revival neoliberal, onda do Ocidente e onda brasileira.</span><br />
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<span style="font-size: medium;"><strong>6</strong>) Por sua vez, as classes trabalhadoras e setores marginalizados, da cidade e do campo, querem avançar. Mas seu desejo está mais para um desejo de melhoria de vida atual, ou seja, desejam novas e mais mercadorias – de moradias às carros – ou seja, um considerável e justo aumento do padrão de vida – e imediatamente. Parece não existir assim espaço, na hora presente, para uma correção de política na direção de uma maior socialização e para uma nova sociedade que seja mais igualitária, que tenha uma cultura menos banal, que tenha uma passagem para o longo prazo diferente da continuidade desse processo em vigor. Nesse sentido, a luta na sociedade se tornou mais aguçada que no tempo de Lula. Para alterar o rumo, há que traçar uma política que concilie os problemas de agora com a política de futuro. Mas as finanças querem acabar com a política e a estratégia de longo alcance, pois a eles só interessam os ganhos do momento. Esse festival de aporte de capitais internacionais é o que interessa, pois é aí que vai o seu objetivo rentista.</span><br />
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<span style="font-size: medium;"> </span><br />
<span style="font-size: medium;"><strong>7</strong>) Para encarar essa dupla adversidade, Dilma tem que contar com o Estado. E a pergunta é: onde está o Estado? No final do Lula II, como conseqüência inclusive da ação do PAC, o curso estatal se dirigia para uma maior intervenção na economia. Mas o combate das forças sociais tem detido o seu crescimento, já que ele esbarra na resistência dos dominantes e nas múltiplas questões que se agravam no país. Infraestrutura pública (logística e urbana), financiamento do investimento, formação de quadros burocráticos, decomposição do quadro político-partidário, retorno da pressão financeira, etc., etc. Dilma, nesse ponto, está dando passos cautelosos, ao menos na minha consideração. Há uma floresta enevoada na sua frente. Daí a dificuldade de estabelecer, através de uma análise precisa e de uma inteligência esperta, uma estratégia coerente, articulando o longo e curto prazo. E essa observação é nítida, uma vez que a estratégia antiga, a dos tempos de Lula, tem que ser alterada. E Dilma sabe disso e não pode errar, a pressa pode levar a uma terceira adversidade, o atraso do Brasil em relação aos seus parceiros e ao avanço social interno. Há ciladas por toda parte. Na política econômica presente, por exemplo, a gente constata juros elevados, taxa de câmbio em posição contrária à produção, uma desindustrialização inquietante, uma inflação mundial que, por enquanto, está controlada, mas que está aí com a máscara da ameaça.</span><br />
<span style="font-size: medium;"></span><br />
<span style="font-size: medium;"> </span><br />
<span style="font-size: medium;"><strong>8</strong>) A conclusão: o Estado não conseguiu dar um salto próprio, nem conseguiu realizar uma parceria hegemônica com o setor privado, capaz de atuar no interesse nacional e não no interesse dos grupos particulares. Por isso, não tem forças para poder controlar o câmbio, nem definir positivamente a taxa de juros, nem ter uma política econômica global, etc. O governo de Dilma está agindo cautelosamente para não perder os pontos conquistados. Sente-se, portanto, que o Estado não mudou de patamar. Seja porque as relações das forças sociais nacionais e internacionais não permitem; seja porque o governo ainda está se instalando; seja porque ainda está enfraquecido pela ideologia neoliberal que teve vigência desde os anos 90; seja porque, na luta internacional, o modelo chinês de presença do Estado não encontrou ainda caminho de expansão; seja porque é preciso novamente acumular forças para tentar progredir para uma nova organização estatal, tanto para aumentar as conquistas sociais internas como para encarar o pesado jogo das disputas entre os diferentes Estados. Por qual a razão seja, inclusive levando em conta todas juntas, o Brasil de Dilma está em face das adversidades descritas e da necessidade de rearticular uma política e uma estratégia do dia a dia com o longo prazo. Logo, precisa pesar as forças em contenda e vislumbrar com clareza as oportunidades que surgirão. Por isso, o gesto político fundamental nesta hora indefinida é cautela. Cautela por tática e não por medo. Cautela para dar o passo certo no momento adequado. Está aí exposto o nervo frontal do desafio.</span></div><span style="font-size: medium;"><br />
</span>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-78402351050179459882011-04-05T17:17:00.001-03:002011-04-06T10:17:23.051-03:00Entrevista do governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro com blogueiros<div style="text-align: justify;">Hoje pela manhã, no salão Alberto Pasqualini do Palácio Piratini (sede do governo do Estado do Rio Grande do Sul), o governador Tarso Genro concedeu entrevista à blogueiros do Rio Grande do Sul. Vou destacar aqui o papel que o governador reconheceu na blogosfera.</div><div style="text-align: justify;"><br />
A entrevista esteve em linha com a preocupação do governo do Estado de ir além da garantia de liberdade de opinião na sociedade, preocupando-se também com o incentivo a ampliação dos canais de circulação da opinião. Poder expressar opinião com liberdade, sem constrangimentos, é fundamental para qualquer sociedade que se pretenda democrática. Fundamental, mas não suficiente. Em uma sociedade verdadeiramente democrática aqueles que desejam ver expressas suas idéias livremente produzidas devem encontrar facilmente condições para difundi-las. Assim, a opinião pública poderia aparecer com toda a sua diversidade. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Infelizmente, em nossa sociedade a grande mídia não faz circular a opinião em toda a sua diversidade. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para o governador do Rio Grande do Sul, diante disto, a blogosfera assume papel fundamental como um instrumento para promover a democratização do acesso aos meios de circulção da opinião, seriam um "oxigênio do processo democrático, do processo de formação de opinião". Assim entendi sua posição de incentivo a atuação dos blogueiros e a constituição de interlocção direta com esses. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Segundo o governador Tarso Genro, esta ação dá seguimento ao processo de transformação das relações sociais aberto pelo governo Lula. Nesse governo todos os cidadãos foram postos na mesma altura. Onde antes só eram ouvidos os poderosos (econômicamente, em especial), agora são ouvidos todos os grupos sociais em pé de igualdade. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por fim, Tarso Genro lembrou que que os efeitos das ações de todo agente político não são totalmente diretos, uma vez que mediados pelos meios de comunicação. Daí a importancia, para todo agente político de levar em conta, ao agir, todos os meios de comunicação. Diante da mediação permanente da midia, a comunicação é o espaço da política hoje. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esperemos as cenas dos próximos capítulos. Como o Conselho de Comunicação, prometido para até o final deste ano. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Novos tempos, com certeza...</div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-35669186937787289532011-04-05T14:53:00.000-03:002011-04-05T14:53:05.106-03:00RetornoAmigos,<br />
<br />
Vou tentar voltar. Uma filha, um filho e o "basquete" me impediram este tempo. E uma grande dose de preguiça, talvez a principal responsável. Volto comentando no post a seguir a entrevista do governador Tarso Genro com blogueiros, hoje pela manhã.<br />
<br />
AbraçoAndre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-59299107810078504702010-08-30T14:32:00.000-03:002010-08-30T14:32:10.591-03:00Fogaça e o hino do Rio Grande do SulQuando você votar para governador estará escolhendo um líder para o Rio Grande do Sul. Líder é o sujeito que aponta um caminho, entre os vários possíveis. Líder é o sujeito que tem força suficiente para conduzir, ao menos, o seu grupo. E, com o seu grupo, assumir a direção da sociedade. Apontar um norte para mim, para você, para o RS.<br />
<br />
Fogaça tem dito que governará bem o Rio Grande do Sul qualquer que seja o presidente eleito, que se relacionará bem com qualquer um. Tudo bem, até dá prá acreditar. Mas só isto não basta. Qual o melhor Brasil para o Rio Grande do Sul? O proposto por Dilma? O proposto por Serra? Ou o apresentado por Marina? E se o eleito não for o melhor cenário para o Rio Grande do Sul progredir? Não existirá bom relacionamento que ajude...<br />
<br />
Fogaça não quer revelar qual cenário acha melhor (embora eu supeite que ele acha que é o proposto por Serra) porque está submetido as exigências de seu grupo político, o PMDB gaúcho. Parte do PMDB gaúcho é serrista, a maioria, e parte é Dilma. Fogaça não quer assumir a posição da maioria, porque sabe que perderia votos de quem está votando nele e na Dilma: especialmente os eleitores do seu aliado PDT. Fogaça, que se propõe ser o lider maior dos gaúchos, está sendo comandado pelas circunstâncias...<br />
<br />
E quem é comandado pelas circunstâncias não é lider. Como lembra o hino do Rio Grande do Sul:<br />
<br />
Mas não basta pra ser livre<br />
Ser forte, aguerrido e bravo<br />
Povo que não tem virtude<br />
Acaba por ser escravo<br />
Mostremos valor constância<br />
Nesta ímpia e injusta guerra<br />
Sirvam nossas façanhas<br />
De modelo a toda Terra<br />
<br />
A neutralidade passiva de Fogaça não cabe aqui, não é verdade?Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-54788597826195193722010-08-06T14:00:00.001-03:002010-08-06T14:01:09.368-03:00O debate da Band<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b>Este debate de ontem, 05/08, não valeu nada.</b> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b>Não valeu nada em sí</b>. Média de 3 pontos no IBOPE (isto é, 165 mil pessoas assistindo, uma vez que cada ponto do IBOPE significam 55 mil espectadores). Baixíssima audiência. No pico foram 5,5 pontos (menos de 302 mil pessoas). Para comparar, a audiência total do debate Lula x Collor (realizado em pool de emissoras: Globo, </span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Bandeirantes</span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">, </span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Manchete</span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> e </span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">SBT) foi de 66 pontos (3,6 milhões de pessoas)</span><i>.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b>Não valeu nada como repercussão</b>. Aspecto fundamental para sedimentar o ocorrido no debate como fato político relevante. A Bandeirantes não possui midia impressa (jornais, revistas, etc.) para catalisar o debate, isto é, para garantir o debate sobre o debate. Também a audiência de seus telejornais e sistema de rádio é baixa. Por sua vez, os jornais de outros grupos de comunicação (O Globo, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo), do dia posterior ao debate, 06/08, construiram matérias burocráticas. O mesmo exemplo do parágrafo acima pode ser utilizado para ilustrar este aspecto: o famoso Jornal Nacional do dia posterior ao último debate presidencial de1989 entre Collor e Lula, ancorado na edição deste evento político, teve audiência de 3,4 milhões de pessoas (61 pontos no IBOPE). </span></div><i><br />
</i><br />
<i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></i>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-56879011801673865702010-08-04T11:28:00.000-03:002010-08-04T11:28:08.929-03:00O QUE IMPORTA É A LÓGICA ECONÔMICA, do blog www.econobrasil.blogspot.com<span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: 180%;"><span style="color: red;"></span></span><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: 180%;"></span><span style="font-size: 130%;">Por Enéas de Souza</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><strong>1)</strong> O nome decisivo em economia é lógica – lógica do capital. E no caso presente, lógica do capital financeiro. Portanto, ao contrário do que pensam certos economistas, a matemática não é uma lógica econômica, e só pode funcionar subordinada a esta. Fazer equações e modelagens só tem sentido se forem construídas em torno de proposições oriundas da economia. Ao mesmo tempo que não se pode aplicar uma teoria já preparada para a compreensão da realidade, um modelo ou uma visão a priori. O meu ex-professor de filosofia, católico, apostólico, romano, Armando Câmara, sempre dizia como Lênin – e eu sempre me lembro desta frase quando falo sobre o assunto – “nada tão prático como uma boa teoria”. Só que a boa teoria é o resultado apurado de idéias que se envolvem com a práxis. E que neste face a face com a realidade confirma aspectos verdadeiros, mas permite a correção de outros. E arma, por aprendizado, novas figuras intelectuais que o real vai exaltando e desenvolvendo. Portanto, o decisivo numa situação econômica é sempre saber por que a dinâmica da conjuntura é essa; que estrutura está presidindo essa correnteza histórica. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>2)</strong> E porque razão? Já que esta razão não nos é dada antes dos acontecimentos, de modo a priori. Sabe-se igualmente que uma concepção também não é um apanhado e uma amálgama de variáveis que se pegou para descrever uma presente situação analítica. O que parece decisivo é saber por que se está numa situação como se está. E construir com a interação da teoria e da realidade uma teoria sempre em ato, uma concepção que está sempre aberta à elaboração de novas proposições que nos dêem a inteligibilidade do desenvolvimento econômico. E essa abordagem só existe se, por trás dessa presença de conhecimento, aparecem forças sociais suficientes para sustentar determinadas posições. Então, tomamos três pontos – um: uma teoria é o que permite compreender uma determinada realidade em movimento, o que significa entender a dupla história, da teoria e da realidade; dois: a teoria precisa ser sempre apreciada pela capacidade de incorporar novidades da realidade que ela mesma é incapaz de antecipar; e, por último, três: uma teoria só pode avançar para a transformação da prática se tiver grupos sociais que estejam apoiando tal direção da teoria sob formas de ações políticas. Uma política econômica tem a sua gênese da economia política.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>3)</strong> Esses pontos estão envolvidos na lógica que vai compondo a compreensão da dinâmica capitalista numa certa direção. Sem esta lógica, o que temos é a vacuidade insignificante dos números usados a bel prazer por qualquer um. No fundo, hoje, existe um bom número de economistas e de gente que se autodenominam de gestores, cuja vocação é furtar a interpretação, já tendo eles próprios uma interpretação confusa, para que possam servir ao conservadorismo como se estivessem servindo ao bem público. Esta é mais uma das banalidades da contemporaneidade, a adoração dos números. O que significa que não sabem o que está acontecendo. Não pensam, passam a vida a calcular. A grande nudez destas posições apareceu nitidamente na incapacidade que tiveram de entender a crise quando ela estava estourando no mundo, quando não havia sinais de fogo, mas quando, em verdade, o fogo já estava grassando a olho nu. O número é cego, só a teoria proporciona a fala deste número. Na ocasião, estes analistas, continuavam seu triste destino ideológico e a dizer: tudo vai bem. E tudo vai bem por quê? Simplesmente porque um número, uma equação, uma modelagem não tem uma lógica que perceba a dinâmica de uma lógica econômica instalada. Uma variável tem que ter sociedade, classe social, teoria para sustentá-la. Sem essa condição, nenhum analista é capaz de entender minimamente o que está acontecendo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>4)</strong> O capitalismo vai se reerguer, mas não teremos de volta este capitalismo indecente que já passou. Que ele deu? Como disse na sua palavra simples, um chofer de táxi de Buenos Aires: “Los ricos continuán a ganar más plata, y los pobres siguén más pobres que antes”. Tradução: o neoliberalismo piorou em toda a parte a distribuição de renda. Tudo por uma única razão. Conseguiram passar para a sociedade que retirar o Estado da economia iria permitir o desenvolvimento social de todos. Como isso se mostrou uma balela, inventaram a idéia de que o sistema promove vencedores. E que para orgulhar um cara ante todos, existe, entre milhões de pessoas, alguém que é sempre um vencedor: você. Mas, se você não é um vencedor, o problema é seu e não do sistema Que pobreza de espírito, que maluquice mais estúpida! No entanto, o inusitado e o chocante é que esse besteirol colou. Agora que as derrotas das forças populares nos anos 90 foram assimiladas, partes equivocadas das teorias políticas e econômicas foram descortinadas, novas apostas podem ser feitas, principalmente, porque o neoliberalismo mostrou todo o fracasso de sua proposta, como nos disse o motorista de táxi de Buenos Aires. Pois o que se viu foi uma distribuição de renda mais desgastante e um Estado que agiu a serviço dos bancos – sobretudo dos bancos. E veja o milagre da repartição dos pães. Quem os salvou da bancarrota? O Estado. E mais: com o dinheiro da população, com “o nosso dinheiro” como gostam de dizer os donos do mundo, quando é para pagar algo que vai para os pobres, como a Bolsa Família, por exemplo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<em>5)</em> 2007 destapou o subterrâneo da economia: aquela volúpia financeira através do abuso vigoroso e quase virtuoso da securitização. Claro que se esta só tivesse títulos financeiros de base, a crise teria ficado no reino das finanças. Mas, as hipotecas imobiliárias vinculavam o setor financeiro e o setor produtivo. Então, aconteceu o irreversível, não apenas a superacumulação de direitos financeiros, mas a superacumulação de bens e produtos. Resultado: hecatombe – que poderia ser um nome de fantasia para a crise econômica. E, claro, seguindo o baile, a pergunta se faz: onde é que a crise mundial se resolveu razoavelmente? Resposta: nos lugares onde o Estado estava menos endividado como no Brasil, onde o Estado estava no comando da economia, como na China. E começou-se, então, a sentir que, primeiro, para salvar os bancos e as instituições não-bancárias e as entidades não-financeiras, o que se precisava era de dinheiro público, o tal do “nosso dinheiro”. E, de repente, como um deslizamento mágico, o “nosso” virou dinheiro “deles”. E pior, riram da nossa cara, nos Estados Unidos, os recursos do Estado serviram inclusive para pagar o bônus de alguns dirigentes financeiros. Deboche absoluto. E mais, o Estado, o americano para termos uma idéia, foi longe, foi bastante longe, gastou e se endividou mais ainda, contudo somente para “la pátria financiera”, como dizem os argentinos. Porque, como migalha, só houve uma beirada miúda, quase desprestigiada, para o setor produtivo, automobilístico em especial. E um troquinho, muito mixa, para os trabalhadores, os part times e os desempregados.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>6)</strong> Já faz no mínimo dois anos que os cantores do sistema dizem que agora sim, a coisa vai virar. E lá vêem eles com atléticos números estatísticos, que são plasmados para dizer o que as finanças querem. E aí está o nosso ponto: mesmo que a aparência mostre que a economia está se recuperando, o inverso é que é verdadeiro. Por quê? Isto está parecendo aquela história do Nelson Rodrigues, que ao ser alertado que tal partida de futebol não tinha sido como ele analisara, respondeu, altivo e triunfante: pior para os fatos. Pois é quase: o setor X cresceu, o banco Y recuperou a lucratividade, a empresa Z bateu o último semestre do ano anterior, etc., etc. Isto tudo são números vazios. O que temos que fazer é botar os números no interior da lógica econômica. Sim, porque a lógica econômica que presidiu o mundo anterior (a dinâmica aplicações financeiras-rendas financeiras-consumo-investimento) levou um tombo, caiu e não se levanta mais. Por quê? Porque não se fazem mais alavancagens como antigamente; os bancos não se emprestam como se emprestavam em outros tempos; as ações não estão rendendo para os investidores como rendiam nos anos 90; a securitização não tem espaço para crescer, nem para retornar ao mesmo nível anterior. A lógica econômica é submetida ao tempo. E o tempo é irreversível. Os ativos financeiros de ontem não são mais negociados como antes e a produção empaca na sua expansão: houve uma superacumulação de capital. O que está havendo é queima de capital. Não adianta dizer que em um mês cresceu um pouco mais aqui, um pouco mais ali. A economia como um todo não está crescendo. O investimento não aumentou, o emprego desabou – e, obviamente, não há horizontes para recuperação. Logo, a economia não é mais a mesma, perdeu a cabeça, perdeu o braço, perdeu o pé. Tem que nascer outra economia. Não adiantam números, não adiantam equações, não adiantam previsões numéricas. Há que mudar a lógica da razão econômica, o que significa dizer: estrutura, funções, dinâmica. E esta transformação não se dá porque um mercado cresceu bem hoje. Este crescimento só é representativo se e somente se ele está integrado numa nova lógica, porque cada período histórico é organizado por uma lógica distinta que se altera conforme a época e a etapa da sociedade. Esta é a plasticidade da lógica do capital e do capitalismo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>7)</strong> Então, quando é que os números vão se apresentar significativamente? Quando a economia se transformar; quando dinamicamente, ou seja, quando a finance led growth deixar de ser o movimento fundamental; quando o Estado tiver poder de decisão, como na China, por exemplo, e voltar a realizar uma política econômica não-liberal. Para isso, o Estado tem que ter planejamento, planejamento macro-econômico. Minimamente. Nos Estados Unidos, seja colocado em pauta, a Finantial Regulatory Reform possibilitou, via o Conselho de reguladores, um caminho irregular, mas caminho de controle da descabelada finanças. Ou seja, Obama pode tentar formatar uma direção financeira e começar a cuidar da economia produtiva. Uma vez que é preciso reposicionar a indústria automobilística, o que já começou a fazer desde o início do seu governo, substituindo diretores, impondo determinados tipos de linhas e carros a serem produzidas, etc. Ou seja, há que botar a referida indústria no seu lugar. Por quê? Por causa das necessidades de transformações do setor de energia, principalmente o petróleo. Estamos numa esfera decisiva, a mudança no setor energético: novas fontes de petróleo, o desenvolvimento do pré-sal e dos biocombustíveis, bem como a preparação de novas indústrias energéticas como a eólica, a solar e a do hidrogênio. Tudo isso vai ter que provocar novas relações, não só entre elas, mas com todo o conjunto de indústrias novas e velhas se misturando numa reformulação profunda de posições. Portanto, não adianta só falar em números, tem que mudar o Estado, tem que mudar as políticas econômicas; tem que mudar os setores produtivos; tem que mudar a liderança do setor industrial e tem que construir e conectar as cadeias produtivas que expressam esta nova realidade. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>8)</strong> E, para isso, há que alterar o básico, há que alterar o financiamento. Ou seja, o sistema financeiro tem que se organizar em função dos setores produtivos, tem que haver crédito público e privado para as novas indústrias, principalmente às indústrias que vão entrar na maturidade, como as novas tecnologias de comunicação e informação, como às indústrias novas que entrarão em processo incremental de instalação, como os produtos das ciências médicas, etc. Portanto, a tal de finance led growth, vai ter que se inverter: o crédito para a especulação teve os seus anos dourados nos anos 2000. Agora não adianta dizer que os grandes bancos tiveram um semestre bom ou ruim. Não, não adianta dizer, eles vão ter que se transformar, vão ter que passar do financiamento para a especulação ao financiamento da produção. Isso não quer dizer que a especulação vai desaparecer. O que vai acontecer na nova lógica econômica é, possivelmente, uma cisão nas finanças: uma parte se dedicará ao desenvolvimento industrial, comercial e de serviços e a outra parte dará cobertura aos delírios especulativos. E cabe aos governos, através de políticas monetárias financeiras e fiscais, impedir a fusão desses dois mercados. Será a forma de desdobrar o perigo destes bancos “to big do fail” e deixarem, portanto, de serem prisioneiros desses gigantes da era neoliberal.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<strong>9)</strong> Finalmente, o Estado vai ter que planejar o desenvolvimento associado do setor público com o setor privado, com a finalidade não só de fazer a metamorfose da estrutura econômica, mas com a finalidade de destinar novas funções para o setor financeiro. Na viagem dessa aventura, corre uma remodelação do setor produtivo de tal modo que se possa substituir um processo de acumulação das finanças por um processo de acumulação produtiva que comande a expansão financeira. Se isso ocorrer, poderá haver uma forte criação do emprego e a economia pode retornar ao comando do investimento, com efeitos evidentes no consumo. Por outro lado, o que for excessivo para o financiamento do setor produtivo pode ser aproveitado pelo setor financeiro numa outra dimensão do que a atual. Esta nova economia exigirá, inclusive, o aumento de emprego no Estado, já que com características totalmente diferentes da economia de hegemonia financeira, não pode funcionar com a burocracia de hoje, estrutural e funcionalmente. O leitor sabe que o que é decisivo a partir da crise recente é a emergência de uma nova lógica econômica. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><strong>10)</strong> Desta forma a economia mundial terá que recomeçar, na verdade já está começando, pela expansão chinesa, organizando a Ásia e a recolocando a América Latina e a África no campo da recuperação. Mas, a economia chinesa não tem cimento para construir toda a economia planetária. A renovação americana será importante, porque não só os Estados Unidos continuarão dominantes, mas reorganizarão a Europa e a Inglaterra, consolidando igualmente, as economias latino-americanas e africanas. Mas essa recomposição, para países como o nosso, só acontecerá no momento em que as dinâmicas das corporações e das nações unirem novamente os Estados Unidos e a China, constituindo, então, uma outra economia mundial. Só ai é que esta voltará a empurrar e a construir o novo círculo virtuoso do conjunto das economias. E isso não será feito como a construção do mundo pelo Senhor, ou seja, em sete dias. Os homens, coitados, são mais demorados. Tem que organizar as forças sociais capitalistas e forças sociais dos trabalhadores, bem como frações de classes apêndices em torno de um novo projeto da economia mundial. E isso não se faz sem fortes e profundas lutas, nem sem poderosos acordos. Enquanto a nova lógica se constrói, a velha desaba. Esta é a versão econômica daquela antiga sabedoria de botequim de Ibrahim Sued: “enquanto a caravana passa, os cães ladram”. </div><strong style="font-family: Verdana,sans-serif;"></strong><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-83595366579007226522010-06-24T08:56:00.000-03:002010-06-24T08:56:42.547-03:00Um dia sem a Globo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPjc3DCFTKAPXKIKXvLSbQmvxDH8cnuWNTWZTxkmzEi8qDjpAEx9J5sFGOGKdE0sgaT-Ko1dZRE7GLzzRqnzOEWmvy0ZijpP2RViYqIl07omqbuc_sbyABb0dPm7trpooC_mlQKYWfCkgl/s1600/dunga.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPjc3DCFTKAPXKIKXvLSbQmvxDH8cnuWNTWZTxkmzEi8qDjpAEx9J5sFGOGKdE0sgaT-Ko1dZRE7GLzzRqnzOEWmvy0ZijpP2RViYqIl07omqbuc_sbyABb0dPm7trpooC_mlQKYWfCkgl/s400/dunga.bmp" width="400" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="color: black;">Texto circulando na internet (Twitter):</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana,sans-serif;">Junte se a nós e participe do #DiaSemGlobo em apoio a Dunga.<br />
<br />
O técnico da seleção brasileira abriu fogo contra a Rede Globo.Dunga deu na<br />
canela do comentarista Alex Escobar, da Globo. Poucas horas depois, um dos<br />
apresentadores do programa Fantástico, Tadeu Schmidt, da África leu um<br />
editorial da emissora detonando Dunga.<br />
<br />
Tudo tem um porque, antes do ataque ao Dunga no Fantástico, o Jornal O Globo<br />
já havia descido a lenha na seleção e principalmente no seu treinador.<br />
<br />
Qual a razão dessa súbita mudança de comportamento ?<br />
<br />
Vamos aos fatos :<br />
<br />
Segunda feira, véspera do jogo de estréia da seleção brasileira contra a<br />
Coréia do Norte, por volta de 11 horas da manhã, hora local na África do<br />
Sul.<br />
<br />
Eis que de repente, aportam na entrada da concentração do Brasil, dona<br />
Fátima Bernardes, toda-poderosa Primeira Dama do jornalismo televisivo,<br />
acompanhada do repórter Tino Marcos e mais uma equipe completa de filmagem,<br />
iluminação etc.<br />
<br />
Indagada pelo chefe de segurança do que se tratava, a esposa do poderoso<br />
William Bonner sentenciou :<br />
<br />
" Estamos aqui para fazer uma REPORTAGEM EXCLUSIVA para a TV Globo, com o<br />
treinador e alguns jogadores..."<br />
<br />
Comunicado do fato, o técnico Dunga, PESSOALMENTE dirigiu-se ao portão e<br />
após ouvir da sra. Fátima o mesmo blá-blá-blá, foi incisivo, curto e grosso,<br />
como convém a uma pessoa da sua formação:<br />
" Me desculpe, minha senhora, mas aqui não tem essa de "REPORTAGEM<br />
EXCLUSIVA" para a rede Globo. Ou a gente fala pra todas as emissoras de TV<br />
ou não fala pra nenhuma..."<br />
<br />
Brilhante !!! Pela vez primeira em mais de 40 anos, um brasileiro peitava<br />
publicamente a Vênus Platinada !!!<br />
<br />
" Mas... - prosseguiu dona Fátima - esse acordo foi feito ontem entre o<br />
Renato ( Maurício Prado, chefe de redação de esportes de O Globo ) e o<br />
Presidente Ricardo Teixeira. Tenho autorização para realizar a matéria".<br />
<br />
Dunga: - " Não tem autorização nem meia autorização, aqui nesse espaço eu é<br />
que resolvo o que é melhor para a minha equipe. E com licença que eu tenho<br />
mais o que fazer. E pode mandar dizer pro Ricardo ( Teixeira ) que se ele<br />
quer insistir com isso, eu entrego o cargo agora mesmo!"<br />
<br />
O treinador então virou as costas para a supra sumo do pedantismo e saiu sem<br />
ao menos se despedir.<br />
<br />
Dunga pode até perder a classificação, a Copa , seu time pode até tomar uma<br />
goleada, qualquer fiasqueira na África, mas sua atitude passa à história<br />
como um exemplo de coragem e independência frente a uma das instituições<br />
privadas mais poderosas no País e que tem por hábito impor suas vontades,<br />
eis que é líder de audiência e por isso se acha acima do bem e do mal.<br />
<br />
Em linguagem popular, o Dunga simplesmente mijou na Vênus Platinada ! Sugiro<br />
uma estátua para ele!!!<br />
<br />
Após a poderosa Globo a mesma que levou o Collorido ao poder e depois o<br />
detonou por seus interesses, agora difama o Dunga, tá certo que o cara é<br />
meio Ogro, mas não teve o direito de se defender dos ataques em momento<br />
algum.<br />
<br />
Falar mal do cara é liberdade de imprensa<br />
<br />
Ouvir o cara não pode?<br />
<br />
A reação do povo foi imediata.O editorial lido no programa "Fantástico", da<br />
Rede Globo, deu repercussão no mundo virtual. E pela primeira vez na<br />
história o Brasil inteiro apóia o técnico da Seleção. Só a Globo para<br />
conseguir isso...<br />
<br />
Dentre os assuntos mais comentados no Twitter nesta segunda-feira (21), a<br />
frase "Cala boca, Tadeu Schmidt" era líder absoluta --superou até a<br />
antecessora "Cala Boca, Galvão", que liderou por dias seguidos os Trending<br />
Topics.<br />
<br />
E não parou por ai. Em apoio ao técnico da seleção brasileira, os twiteiros<br />
lançaram o "DiaSemGlobo", que será nessa sexta-feira, quando o Brasil vai<br />
jogar com a seleção de Portugal, no encerramento da primeira fase da copa.<br />
<br />
Todo mundo na Band, ou em outra emissora, não vamos sintonizar a Globo na<br />
sexta-feira, temos que começar a deixar de ser gado manso, mostrar que não<br />
somos trouxas manipuláveis </span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-9152210824071593442010-05-25T17:29:00.002-03:002010-05-25T17:30:58.328-03:00Só por cima do meu cadáver!!!<div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
Faço minhas as palavras de Eduardo Guimarães, do <a href="http://www.blogcidadania.com.br/">Blog da Cidadania</a>. Golpe aqui não!!!</div><br />
<h2 class="posttitle">Só por cima do meu cadáver</h2><div class="postmetadata">Posted by <a href="http://www.blogcidadania.com.br/author/eduguim/" title="Posts de eduguim">eduguim</a> on 5/25/10 • </div><div class="postmetadata"><br />
</div><div class="entry clearfloat"><div style="text-align: center;"><a href="http://www.blogcidadania.com.br/wp-content/uploads/2010/05/hondurar.jpg"><img alt="" class="aligncenter size-medium wp-image-109" height="226" src="http://www.blogcidadania.com.br/wp-content/uploads/2010/05/hondurar-300x226.jpg" title="hondurar" width="300" /></a></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Vamos chamar pelo que é esse ensaio da próxima linha de ataque da direita brasileira: tentativa de golpe contra a vontade popular. Simples assim. Com base em interpretação dúbia de leis, a direita quer fazer a Justiça Eleitoral tirar da disputa pela Presidência da República a sua principal adversária exatamente no momento em que vai ficando claro que a eleição dela é vontade da maioria do eleitorado brasileiro.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">E não é porque a lei eleitoral trata os brasileiros como burros que eles são, pois todos sabemos que vantagem ilegal tem, sim, o PSDB, pois tem toda mídia, inclusive as concessões públicas de rádio e tevê, do lado dele, dizendo que Dilma “cometeu gafe”, que sua campanha “vai mal”, que ela está “empacada”, que um de seus marqueteiros é uma besta etc.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">É de estranhar uma justiça eleitoral que não enxerga o abuso de poder econômico que são as propagandas do governo de São Paulo em todas as rádios e tevês durante toda a programação de todas as emissoras abertas e até fechadas à razão de pelo menos umas 10 peças publicitárias por hora, às vezes mais.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">E essa, acima, é apenas uma das incoerências dos tucanos, que atacam adversários pelo que fazem desabridamente em termos de campanha eleitoral antecipada e de vantagem injusta sobre o adversário.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O PT teve o programa dele de dez minutos e os tucanos terão o seu. Podem aproveitar para difundir Serra ou não, mas já aproveitaram antes e há várias provas gravadas, a maioria das quais não vieram a público, sem falar que a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, ao dizer que há mais provas contra o PT, contra o PSDB não disse que não há, mas que há menos, apenas.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O que é estranho é que a procuradora disse que há menos provas contra o PSDB porque ele não tem a máquina pública, sendo que, até algumas semanas, teve apenas o segundo orçamento do país nas mãos, o de São Paulo, e continua tendo, como se vê nas exaltações do governo tucano paulista em programas caríssimos em todos os horários de rádio e tevê.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Enfim, quero crer, ainda, que a Justiça Eleitoral deverá funcionar e que a doutora Sandra saberá explicar o grande número de posições contra o PT e o número zero de posições contra o PSDB que tem adotado, pois a aceitação da representação do Movimento dos Sem Mídia foi totalmente apartidária, para investigar institutos de pesquisa dos dois lados, se é que algum deles tem lado…</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas, enfim, acho que chegou a hora de a onça beber água. Acho que a sociedade civil deve começar a se mobilizar já e os partidos da aliança governista que sustenta Dilma Rousseff devem pedir explicações à Justiça Eleitoral.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Quanto a mim, já me considero engajado em qualquer forma de resistência a um golpe análogo ao de Honduras, que a mídia brasileira carinhosamente chamou de “constitucional” – ou seja, um golpe de Estado, uma ruptura ilegal da democracia por definição, passa a ser compatível com a mesma Constituição que proíbe golpes, na visão da direita brasileira.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">E também comunico que o Movimento dos Sem Mídia já se mobiliza para analisar e agir contra essa possibilidade de ruptura “constitucional” do processo eleitoral legal e democrático no qual somente o povo tem poder para decidir, pois considera que cassar uma candidatura que vem crescendo com intensidade devido ao amplo apoio popular, é golpe.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O próximo passo do MSM virá no momento oportuno, pois. Mas o da sociedade civil deveria começar já, na impossibilidade de ter começado ontem.</div></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-78120538050670763552010-05-21T09:34:00.001-03:002010-05-21T09:35:11.108-03:00Mauro Santayana escreve sobre o affair Irã: uma luta entre o bom senso e a barbárie<div style="text-align: justify;"></div><h2 class="title" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">De como exercer a ousadia moral</h2><div class="byline" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><small><a href="http://www.jblog.com.br/politica.php?memberid=133" title="Mauro Santayana"><br />
</a></small></div><div class="entry" style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i>Por Mauro Santayana, em <a href="http://www.jblog.com.br/politica.php?itemid=21300">JBOnline</a>.</i><br />
<br />
Velha teoria explica as guerras generalizadas como inevitável irritação da História: as situações envelhecem e se tornam insuportáveis, para estourar nos conflitos sangrentos. Alguns as veem como autorregeneração do mundo, ao contribuir para o equilíbrio demográfico. Outros a atribuem à centelha diabólica que dorme no coração dos homens e incendeia o ódio coletivo. O mundo finará sem que entendamos a fisiologia do absurdo. Para os humanistas, são repugnantes os massacres coletivos tanto como os assassinatos singulares.<br />
<br />
De qualquer forma, a História tem como eixo a tensão permanente entre guerra e paz; entre a competição e o entendimento; entre o egoísmo que se multiplica no racismo e a solidariedade internacional. Uma coisa é inegável: quando os mais fortes querem, não lhes faltam argumentos trôpegos para justificar a agressão. La Fontaine soube reduzir esse comportamento no diálogo entre o lobo e o cordeiro. Quando o lobo quer, os filhos são responsáveis por falsas culpas dos pais e as águas sobem os rios.<br />
<br />
É interessante registrar, no episódio da questão do Irã, algumas dúvidas que assaltam o homem comum. A primeira delas – e devo essa observação a um amigo – é a do direito de os possuidores das armas atômicas decidirem quem pode e quem não pode desenvolver a tecnologia nuclear. Mais ainda, quando o árbitro maior é o governo do país que a usou criminosamente, ao arrasar, sem nenhuma razão tática ou estratégica, duas cidades inteiras e indefesas do Japão. Reduzidas as dimensões do absurdo, podemos aceitar como lícitas as associações criminosas, como as dos narcotraficantes dos morros. Possuidores de bom armamento, impõem sua lei às comunidades e constroem sua própria legislação, cobram tributos e exigem obediência, sob a ameaça dos fuzis e da tortura. Chegaremos assim a uma sociologia política, abonada indiretamente por Weber e outros, que admite todo poder de facto, sem discutir sua legitimidade ética.<br />
<br />
O momento histórico é de grande oportunidade para a Humanidade – e de grande perigo, também. A República dos Estados Unidos é um lobo ferido em suas entranhas. Por mais disfarcem o choque, a eleição de Barack Hussein Obama lanhou as glândulas da tradição conservadora da Nova Inglaterra. A águia encolheu suas asas. A maioria dos estados e, neles, a maioria dos eleitores, decidiu por um homem mestiço, filho de pai negro e mãe branca, nascido em uma colônia dissimulada em estado, o Havaí; e que passou o período mais importante da formação, o da adolescência, na Ásia: na Indonésia muçulmana e no arquipélago em que nasceu.<br />
<br />
No inconsciente coletivo, os Estados Unidos já sentem a decadência, que se acelerou com o neoliberalismo. Eles poderão administrá-la com inteligência, integrando-se em uma Humanidade que necessita, com urgência, de novos parâmetros e de nova tecnologia, capazes de preservar a natureza, hoje em acelerada erosão, ou entrar em desespero. Se entrarem em desespero, conduzirão o mundo a nova guerra, mas isso não parece provável, diante da crescente consciência antibélica de seu povo.<br />
<br />
Por enquanto os falcões parecem contar com a Europa e com a China, no caso do Irã. Mas não há, nos horizontes movediços de hoje, país suficientemente forte, capaz de impor-se aos demais. A Europa desce a ladeira, com sua bolsa de euros de barro, e a União Europeia se encontra ameaçada de fragmentação. A China é uma nebulosa impenetrável. O capitalismo financeiro descolou-se de qualquer compromisso ético, se é que o teve um dia. O sistema se torna mais selvagem quando se vale dos instrumentos tecnológicos de operação universal e instantânea. <br />
<br />
É nesse momento que a presença do Brasil começa a impor-se no cenário internacional. Não temos armas atômicas, não dispomos de exércitos numerosos e bem equipados, mas somos chamados a manter o bom-senso, e manter o bom-senso é exercer a ousadia moral. <br />
<br />
Digam o que disserem os quislings domésticos, o Brasil ganhou o respeito do mundo ao buscar a paz no Oriente Médio. Se contribuirmos para evitar o conflito, nosso será o mérito; se não houver o êxito, fica, na História, o testemunho de um esforço destemido e honrado – e não menos meritório. </div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-30184055847210695772010-05-20T11:37:00.005-03:002010-05-20T12:01:15.488-03:00A mistura de crise de hegemonismo, agressividade, hipocrisia e autismo auto-induzido da proposta de sanções do Governo Obama ao Irã<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
A leitura da proposta de sanções que madame Clinton quer ver aprovada no Conselho de Segurança da ONU não deixa sombra de dúvida: é uma dobradinha entre a estratégia de guerra permanente e o receio de perder o controle sobre a condução da política internacional. Controle, porque hegemonia já perderam...</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O autismo auto-induzido, por exemplo, pode ser visto no parágrafo 34. Nesse, o governo do nobel Obama (sim, ele é o responsável), tal qual criança que pensa ter desaparecido ao tapar os olhos com as mãos, desconhece o fato de o Irã ter concordado com a transferência para outro país - Turquia - de 1,2 t de seu estoque de urânio em troca de 120 quilos do mesmo material, enriquecido, para seu Reator de Pesquisas. Quantidade esta que é exatamente a mesma proposta pela AIEA (Agencia Internacional de Energia Atômica). Diz este parágrafo que o Conselho de Segurança:</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="color: red; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">34. Elogia o Diretor Geral da AIEA pela sua proposta de um projeto de acordo entre a AIEA e os governos da República da França, da República Islamica do Irã e da Federação Russa para Assistência na Obtenção de Combustível Nuclear para o Reator de Pesquisas de Teerã, <b><i>lamenta</i> que o Irã não tenha respondido construtivamente a esta oferta</b>, e encoraja a AIEA a continuar explorando essas medidas para construir confiança consistente com e em prol das resoluções do Conselho de Segurança;</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Não repondeu a oferta cara-pálida? Respondeu dizendo que aceita os termos, mas que não confia seu urânio a França e a Russia e sim a Turquia. Uai, além de não confiarem no Irã, os EUA não confiam na Turquia? Só confiam em países ocidentais (ou meio, como a Russia)?</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Jeito de agir estadunidense: "ou jogam como eu quero ou eu levo a bola prá casa...". Mais cedo ou mais tarde o resto dos jogadores vai arranjar outra bola.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Para quem quiser ler o texto completo da proposta de sanções: <a href="http://media.washingtonpost.com/wp-srv/nation/pdf/iranresolution_051810.pdf?sid=ST2010051901897">Iran Resolution</a></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-26364725979259982852010-05-18T17:40:00.000-03:002010-05-18T17:40:15.830-03:00NOS EUA A SENHORA DA GUERRA MOSTRA SUAS GARRAS<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Contra os fatos, os Estados Unidos insistem em manter a estratégia de sanções contra o Irã. Não há uma só prova de que o Irã desenvolve armamento nuclear. O Irã assinou um acordo aceitando enriquecer urânio fora de suas fronteiras. Mas o que interessa ao EUA não é nada disso, é, sim, a subordinação de uma nação soberana a seus interesses econômicos e geopolíticos. E sabem que essa só virá com uma vitória militar. Só que precisam debilitar economicamente o Irã para depois organizar uma ofensiva bélica.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A senhora da guerra, sucessora de Bush, mostra suas garras...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE90hYCaL2sJHR0HQf0KUE8wzLh8h4ROKXnFwjehmQijfu01RzCT7ObOjbM4vOLj-KF8ZPwZArzsY55AsRovGatnNnI6VaxlXcrfonDa0KArAo_TojqxLfUqinvq5t7kjveBwhN0OPB4UI/s1600/hillary-clinton.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE90hYCaL2sJHR0HQf0KUE8wzLh8h4ROKXnFwjehmQijfu01RzCT7ObOjbM4vOLj-KF8ZPwZArzsY55AsRovGatnNnI6VaxlXcrfonDa0KArAo_TojqxLfUqinvq5t7kjveBwhN0OPB4UI/s320/hillary-clinton.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-52176176982830492012010-05-16T20:06:00.000-03:002010-05-16T20:06:48.988-03:00Brasil, Turquia e Irã fecham acordo histórico: E Lula subiu a montanha...<h3 style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Do Blog do Luis Nassif:</h3><h3 style="color: red; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> Irã, Turquia e Brasil chegam a acordo, diz chanceler turco</h3><div> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">da Reuters</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">colaboração para a Folha</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse neste domingo que foi alcançado um acordo entre Irã, Turquia e Brasil sobre a troca de combustíveis nucleares, decisão que pode por fim à disputa com o Ocidente sobre o programa nuclear do Irã. Quando questionado por jornalistas em Teerã se haveria um acordo sobre a troca de combustível, ele respondeu: “Sim, isso foi alcançado após quase 18 horas de negociações”.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Segundo o chanceler turco, o anúncio oficial pode ser feito na segunda-feira pela manhã, após revisão pelos presidentes brasileiro e iraniano e o primeiro-ministro turco, que chegou à capital iraniana neste domingo.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, falaram neste domingo em entrevista coletiva sobre o interesse de incrementar as relações comerciais entre seus países. Porém, eles não tocaram na questão nuclear, ponto central do encontro, como já havia acontecido mais cedo, na nota oficial divulgada no site do governo iraniano.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Os EUA e alguns de seus aliados acusam o Irã de desenvolver um programa nuclear com fins militares, mas Teerã defende que a finalidade é pacífica e se recusa a negociar. Os EUA pressionam por uma quarta rodada de sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o país do Oriente Médio.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Segundo o site da TV iraniana Alallam, os chanceleres de Irã, Turquia e Brasil mantiveram um encontro trilateral neste domingo para discutir, entre outros assuntos, a troca de urânio iraniano.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, tinha dito que Teerã chegou a um acordo sobre a quantidade de urânio a ser trocada e a modalidade da troca –simultaneamente ou em lotes–, informa a Alallam. “Há um acordo sobre o momento e o volume de combustível a ser trocado”, disse ele. “Mas ainda falta decidir o local e, se houver garantias concretas, o Irã está disposto a negociar.”</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Proposta</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A proposta de Brasil e Turquia era pressionar os líderes iranianos a rever uma proposta sob a qual o Irã enviaria urânio baixamente enriquecido a outro país e, em retorno, receberia urânio altamente enriquecido — um plano que fracassou em outubro do ano passado.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Um acordo apresentado pela ONU em outubro oferecia ao Irã que enviasse 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento –o suficiente para a fabricação de uma bomba se enriquecido no patamar necessário– para a França e para a Rússia, onde seria convertido em combustível para um reator de pesquisas em Teerã.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O Irã afirmou na época que só trocaria o seu material por urânio em níveis maiores de enriquecimento e somente no seu próprio território, condições que as outras partes envolvidas no acordo consideraram inaceitáveis.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O acordo foi interrompido na época. O Brasil e a Turquia, ambos membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), ofereceram-se para mediar as negociações e tentar convencer o Irã a rever a oferta.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Os Estados Unidos e países aliados estão em negociação para impor uma quarta rodada de sanções da ONU ao Irã. Washington acusa Teerã de tentar ganhar tempo ao aceitar a proposta de mediação de Lula.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O Brasil já apresentou uma proposta segundo a qual o Irã trocaria urânio pouco enriquecido por combustível nuclear na Turquia, país que tem estreitos laços tanto com Ocidente como com o Oriente Médio. O Irã enviaria urânio ao exterior e o receberia de volta enriquecido a 20%, nível suficiente para fins pacíficos.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Segundo a imprensa iraniana, Ahmadinejad tinha dito que aceitava “em princípio” a proposta de Lula durante uma conversa telefônica com o líder venezuelano, Hugo Chávez.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Viagem surpresa</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan viajou a Teerã neste domingo para se reunir com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e com o líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">“Estou indo ao Irã porque uma cláusula será acrescentada ao acordo que diz que a troca será feita na Turquia”, disse o premiê. “Teremos a oportunidade de começar o processo em relação à troca”, disse Erdogan. “Eu garanto que encontraremos a oportunidade para superar esses problemas, se Deus quiser.”</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Roda de apostas</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Durante visita oficial à Rússia, em entrevista concedida no Kremlin, Lula disse que há 99% de chances conquistar um acordo com o Irã durante sua passagem pelo país. Ao seu lado, o presidente russo, Dmitri Medvedev, não foi tão otimista: afirmou que as chances são de 30%.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">“Se não chegarmos a um acordo, volto para casa feliz, porque ao menos não fui negligente”, disse o presidente.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Considerado um carismático negociador, Lula conta com o apoio da França, Turquia e da Rússia, ainda que comedido, mas os EUA já advertiram que o Irã não leva o encontro a “sério”.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Para a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, Lula enfrenta uma “montanha a ser escalada” para tentar persuadir o Irã a limitar suas ambições nucleares.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">“Eu disse a meus colegas em muitas capitais do mundo que eu acredito que não teremos nenhuma resposta séria dos iranianos até que o Conselho de Segurança aja”, disse ela, referindo-se aos esforços liderados pelos EUA para a imposição de uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, P.J. Crowley, disse que se o Irã não mudar seu comportamento após a visita de Lula, o país deverá pagar o preço.</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">“Neste ponto acreditamos que deverá haver consequências por um fracasso em responder”, disse Crowley.</div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-89820527004233106242010-05-12T14:27:00.003-03:002010-05-12T14:30:51.558-03:00Novos tempos, novas formas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHXORV54FS97DAotrcco4ks9tBIibUUaKuCGQkEj4IDFqglmayFX3rb9TYbZDcVvnpTCWhdxRxtKs7nCujNbF5IEvUyLVUTgnckuKsM113zVXuYyfTkRlLMFGdLeY-A6brVBoSnsqLwGGM/s1600/blogosfera.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHXORV54FS97DAotrcco4ks9tBIibUUaKuCGQkEj4IDFqglmayFX3rb9TYbZDcVvnpTCWhdxRxtKs7nCujNbF5IEvUyLVUTgnckuKsM113zVXuYyfTkRlLMFGdLeY-A6brVBoSnsqLwGGM/s320/blogosfera.jpeg" width="320" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;">Hoje li a seguinte notícia, no blog do Eduardo Guimarães, o Cidadania.com:</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><b>J<span style="background-color: #eeeeee;">ustiça e PF investigarão pesquisas</span></b></span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">A quem possa interessar:</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Conforme informações obtidas pelo Departamento Jurídico do Movimento dos Sem Mídia — MSM – na tarde desta 3a. feira, 11/05/2010, em Brasilia – DF, a Vice-Procuradora Geral Eleitoral do Ministério Publico Eleitoral Federal, Dra. Sandra Cureau, acolheu a representação de nossa Organização no sentido de que as pesquisas feitas e por fazer em 2010 pelos institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi, sejam auditadas.</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">A Procuradoria determinou em despacho que “se extraiam cópias na íntegra da Representação Eleitoral do MSM e da lista de adesões dos cidadãos brasileiros que a apoiaram, remetendo os documentos à Superintendência da Polícia Federal em Brasília – DF, para que a Polícia Federal proceda a Abertura de inquérito Policial para apurar suposta prática de Crime Eleitoral de Realização e Divulgação de Pesquisa Eleitoral Fraudulenta”.</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">O processo junto à Procuradoria Geral Eleitoral – DF recebeu o número 4559.2010-33</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Atenciosamente,</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Eduardo Guimarães</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Movimento dos Sem Mídia</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="background-color: #eeeeee; color: blue; font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Presidente</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />
</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O que este fato revela, junto com inúmeros outros que poderíamos listar aqui, é que a blogosfera (como é conhecido o universo habitado pelos blogueiros) mais do que uma mídia, uma forma de informar-se, organizar informação e produzir opinião, é um movimento social. O mais recente movimento social, sobretudo mas não somente, urbano. Com potencial para induzir e sustentar, em aliança com outros movimentos e com o devido apoio institucional, processos de mudança social e política. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Em um passado não muito distante, décadas de 80 e 90, em Porto Alegre, os movimentos sociais comunitários cumpriram o papel de indutores e base de sustentação de um projeto de mudança social, articulados em um processo de participação que ficou conhecido como Orçamento Participativo. Este processo resultou, entre outras coisas, na amplificação da agenda destes movimentos: assegurou que esta saísse do nicho clientelista e tornou-a amplamente conhecida e legitimada na sociedade local. Esta amplificação foi feita através da construção de uma relação democrática, direta e autonoma deste movimento com o Estado.</div><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Um programa de governo de esquerda deveria, prioritariamente, pensar em estruturas e processos que permitissem a participação democrática, permanente e direta, mantendo autonomia, deste movimento social no processo de reorientação do Estado para uma estratégia de mudança social. As que foram construídas até aqui não me parecem dar conta, uma vez que não lidam com o mundo dito "virtual" (aliás, virtual apenas quanto a forma).</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A formação de uma rede, reconhecida por este movimento e pelo Estado, onde fossem discutidos e decidos formatos de politicas públicas poderia ser um bom começo...</span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-15596862379958618532010-05-10T23:37:00.004-03:002010-05-12T13:39:32.625-03:00Hoje estreiou Sul21: para quem tem este espirito<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; font-size: 12px; white-space: pre;"><object height="285" width="540"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/7F_ToQtzcCo&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/7F_ToQtzcCo&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="340" height="185"></embed></object></span>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-23219829781843086052010-05-10T10:05:00.002-03:002010-05-10T10:07:22.132-03:00Dilma: "Tem gente que passou a vida inteira querendo ser Presidente. Eu era mais modesta. Fui para a atividade pública porque queria servir."<div style="color: red; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>Dilma Rousseff </b></div><div style="color: red; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>Entrevista a Revista Isto É. (<a href="http://www.istoe.com.br/" style="color: red;">www.istoe.com.br</a>)</b></div><div style="color: red; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>(07.05.2010)</b></div><div style="color: red; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Com um calhamaço de fichas repletas de dados sobre realizações do governo Lula sempre ao alcance das mãos, a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, falou por quase quatro horas sobre seus planos para o Brasil, numa entrevista exclusiva a editores e articulistas de ISTOÉ. Em poucos momentos ela consultou a papelada. Mas seguidamente procurou com os olhos um contato com sua equipe de assessores que lhe passava, sempre, sinais de aprovação. Dilma não refugou assuntos. Falou sobre questões pessoais e afetivas com a mesma naturalidade com que abordou temas da política e da economia. Emocionou-se quando relembrou seus dias de luta contra o câncer.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Vestida com um terninho clássico, de tecido leve e claro, penteada e maquiada com discrição, Dilma Rousseff parece à vontade na condição de candidata. Já suavizou a postura de gerente técnica que ostentava como ministra do governo Lula. Mesmo que jamais tenha buscado votos em sua vida pública, faz promessas de candidata e demonstra apetite para contrapor-se ao candidato da oposição, José Serra. Diz que a missão de seu governo é erradicar a pobreza, mas não estabelece prazos. Anuncia ainda mudanças na condução do Banco Central e a intenção de criar um fundo federal para compensar perdas regionais na reforma tributária que se compromete a implementar. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Por que a sra. acha que o presidente Lula a escolheu para sucedê-lo e quando exatamente se deu isso?</b><br />
<i>Dilma Rousseff </i>– O presidente Lula me escolheu quatro vezes. A primeira foi na transição do governo de Fernando Henrique para o governo Lula, em 2002. O presidente me chamou para fazer a coordenação da área de infraestrutura porque me conhecia das reuniões do Instituto de Cidadania. Depois ele me escolheu para ser ministra de Minas e Energia. E, em 2005, para ser ministra da Casa Civil. Por último, me escolheu para ser pré-candidata para levar à frente o projeto de governo. Acho que me escolheu porque acompanhei com ele a construção de todos os grandes projetos. O presidente sabe que nós conseguimos, juntos, fazer estes projetos. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Ser presidente era uma ambição pessoal da sra.? </b><br />
<i>Dilma</i> – É um momento alto da minha vida, talvez o maior. Tem gente que passou uma vida inteira querendo ser presidente da República. Eu era mais modesta. Fui para a atividade pública porque queria servir. Pode parecer uma coisa falsa, mas acho que se pode servir à população brasileira no setor público. Sempre acreditei que o Brasil podia mudar, mas isto era uma questão longínqua. Quando o Lula me chamou para a chefia da Casa Civil, ele pretendia que o governo entrasse na trilha do crescimento e da distribuição de renda para que o Brasil desse um salto, e vi nisso uma grande oportunidade.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. se considera preparada para o cargo?</b><br />
<i>Dilma –</i> Tenho clareza, hoje, de que conheço bem o Brasil e os escaninhos do governo federal. Então, sem falsa modéstia, me acho extremamente capacitada para o exercício desse cargo. E acredito que o fato de não ser uma política tradicional pode incutir um pouco de novidade na gestão da coisa pública. Uma novidade bem-vinda. Na minha opinião, critérios técnicos se combinam com políticos. Escolher onde aplicar é sempre um ato político. Por exemplo, eu acho que a grande missão nossa é erradicar a pobreza e que é possível erradicá-la nos próximos anos. Isto é um ato político. Outra pessoa pode escolher outra coisa.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – No horizonte de um governo, é possível erradicar a pobreza? </b><br />
<i>Dilma – </i>Tem um estudo do Ipea mostrando que até 2016 é possível erradicar a pobreza extrema, a miséria. Mas o empresário Jorge Gerdau costuma dizer que “meta que se cumpre é meta errada”. Metas não são feitas para cumprir, mas para estabelecer um objetivo, criar uma força. Assim, acredito que o prazo de 2016 é viável, mantido o padrão do governo Lula. Nossa meta pode ser ainda mais ousada. Só não vou dizer qual porque, se passar dois dias sem cumpri-la, vão dizer: “Não cumpriu a meta”, como fazem com o PAC. Atrasar uma obra de engenharia em seis meses é a catástrofe no Brasil.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – O presidente Lula também trabalhou com metas quando foi candidato. Ele falava em dez milhões de empregos...</b><br />
<i>Dilma – </i>Acho que a gente fecha em 14 milhões. Falei com a área econômica de dois bancos e ambos consideram que o crescimento do PIB será de 6,4%, podendo chegar a 7%, o que dá condições para se chegar a estes 14 milhões de empregos. Os dados da produção industrial que fechamos em março apontam um crescimento muito robusto e sustentável porque são os bens de capital que estão puxando esse desempenho.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – O Banco Central está preocupado com este crescimento...</b><br />
<i>Dilma – </i>Não, o Banco Central está preocupado com outra coisa. Ele não pode estar preocupado com a expansão dos bens de capital porque isso é virtuoso.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Parece que há uma visão dissonante entre o Banco Central e a Fazenda sobre o desempenho da economia. Como a sra. vê essa questão?</b><br />
<i>Dilma – </i>Os dois trabalham em registros diferentes. O BC faz uma análise necessariamente de curto prazo, porque ele trabalha com questões inflacionárias conjunturais, mais imediatas. Ele olha a pressão na hora que ela acontece. Já a Fazenda tem uma visão de mais médio e longo prazo. É outro registro. A Fazenda tem consciência de que o Brasil está em uma trajetória de estabilidade e de sustentabilidade. Agora, isso não é incompatível com o fato de você ter pressões inflacionárias imediatas. Acho que foi importante o aumento dos juros na última reunião do Copom.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><img alt="img.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_4681149578956799.jpg" title="Credito: " /><br />
<span style="color: maroon;"><b><span style="font-size: medium;">“Tem gente que passou uma vida inteira querendo ser presidente<br />
da República. Eu era mais modesta”</span></b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Isso não dá munição para os seus adversários? </b><br />
<i>Dilma –</i> Nós já tivemos duas experiências muito ruins de, durante a eleição, fingir que é uma coisa e, depois, virar outra. Uma na virada do primeiro para o segundo mandato do Fernando Henrique Cardoso e outra no Plano Cruzado. Hoje somos perfeitamente capazes de elevar a taxa de juros e assumirmos as consequências, sem que isso signifique uma perda. Temos integral compromisso com a estabilidade.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. concorda com a política de juros do BC?</b><br />
<i>Dilma –</i> Concordo. Acho que, da ótica do BC, ele fez o que precisava fazer. Nos Estados Unidos, onde há um histórico maior de estabilidade, o Federal Reserve tem dois olhos: um que olha a inflação e outro o emprego.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – O nosso só olha a inflação.</b><br />
<i>Dilma – </i>No meu governo acho que, mais para o final, teremos condições de olhar as duas coisas: inflação e emprego.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Teremos um BC diferente?</b><br />
<i>Dilma –</i> Teremos uma política e uma realidade diferentes. Porque, para o BC fazer isto, é preciso uma redução da dívida líquida em relação ao PIB. O Brasil converge para condições monetárias de estabilidade que permitirão a combinação de outras variáveis. Criamos robustez econômica suficiente para fazer isso.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. vai enfrentar um candidato que também se apresenta como um pós-Lula. O que a diferencia dele? <br />
</b><i>Dilma – </i>Só se acredita em propostas para o futuro de quem cumpriu suas propostas no presente. O que nos distingue é que nós fizemos, nós sabemos o que fazer e como fazer. Mais do que isso, os projetos dos quais eu participei – 24 horas por dia nos últimos cinco anos – são prova cabal de que somos diferentes.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><img alt="img1.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_4681167026143279.jpg" title="Credito: " /><br />
<span style="color: maroon;"><b><span style="font-size: medium;">“Sou católica, mas antes de tudo cristã.<br />
Tive minha formação no Sion”</span></b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. não acha importante o fato de o PT te</b><b>r assumido o governo com um quadro de estabilidade da moeda? </b><br />
<i>Dilma –</i> Eu não queria fazer isso, mas, se vocês insistem, vamos lá: recordar é viver. Nós assumimos o governo com fragilidades em todas as áreas. Taxas de inflação acima de dois dígitos, déficit fiscal significativo e, sobretudo, uma fragilidade externa monstruosa. Tínhamos um empréstimo com o FMI de US$ 14 bilhões. A margem de manobra nessa situação é zero. Você se coloca de joelhos junto aos credores internacionais. Quem fala com você é o sub do sub do sub. Isso não foi momentâneo. Foi uma década de estagnação, de desemprego e desigualdade. Nós tivemos, claro, coisas boas. Uma delas é a Lei de Responsabilidade Fiscal.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Mas já cogitam mudá-la. A sra. é favorável a isto?</b><br />
<i>Dilma – </i>Depende. Acho que para mexer em coisas que têm dado certo é recomendável caldo de galinha e muita calma. Mas, voltando ao recordar é viver, o Plano Real também teve mérito. Já em outros pontos fomos salvos pelo gongo. O País deve dar graças a Deus por não terem partido a Petrobras em pedaços, não terem privatizado o setor elétrico, Furnas, Eletronorte, Eletrosul. A privatização da telefonia foi correta, mas não acho hoje muito relevante. Hoje a banda larga é mais importante que a telefonia.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. acha que Serra seria a continuidade de FHC?</b><br />
<i>Dilma –</i> Não tenho nenhum comentário a fazer sobre a pessoa José Serra. Tenho respeito por ele. Mas nós representamos projetos políticos distintos. Nós temos uma forma diferente de olhar o Estado.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Ele também se apresenta como um economista da linha desenvolvimentista. <br />
</b></div><div style="text-align: justify;"><i style="font-family: Verdana,sans-serif;">Dilma – </i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Acho muito significativa essa tentativa de borrar diferenças. Duvido que estariam borrando diferenças se o governo do presidente Lula tivesse menos que 76% de aprovação. Duvido. Há, neste processo, a tentativa de esconder o fato de que somos dois projetos. Tenho orgulho de ter sido ministra do presidente Lula. Devemos comparar as experiências de cada um. Eles diziam que não sabíamos governar, que só tivemos sorte. A gente gosta muito de ter sorte. Graças a Deus não somos um governo pé-frio. Mas quando chegou essa crise, muito maior que a de 1929, mostramos enorme competência de gestão, capacidade de reação e ousadia.</span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><img alt="img2.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_4681180217484521.jpg" title="Credito: " /><br />
<span style="color: maroon;"><b><span style="font-size: medium;">“Lula é uma pessoa extremamente afetiva. Ele<br />
não te olha como se fosse um instrumento dele”<br />
</span></b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – O governo FHC foi incompetente?</b><br />
<i>Dilma – </i>O governo FHC representa um processo em que não acredito. Não acredito num projeto de privatização de rodovias que aumenta o custo Brasil por causa dos pedágios, que embute taxas de retorno de 26% ao ano. Em estradas federais, a qualidade melhorou muito com pedágios bem menores por uma razão muito simples: nós não cobramos concessão onerosa. Logística é igual a competitividade na veia.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>STOÉ – O que a sr. faria diferente do atual governo?</b><br />
<i>Dilma –</i> Nós tivemos que trocar o pneu do carro com ele andando. Algumas coisas concluímos, em outras não conseguimos avançar. Acho imprescindível, para o patamar de crescimento atingido, fazer a reforma tributária. Não é proposta, é uma exigência. Se quisermos aumentar nossa produtividade e, consequentemente, nossa competitividade, precisamos acabar com coisas absurdas como a tributação em cascata.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – O governo atual também diz que tentou fazer isto.</b><br />
<i>Dilma –</i> Não deu agora porque reforma tributária significa conflito federativo. Aprendemos que é inviável fazer reforma tributária sem compensações porque ela tem tempos diferentes. Para neutralizar o efeito negativo da perda de arrecadação, vamos criar um fundo de compensação. Este é o único mecanismo negociável.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><img alt="img3.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_4681205591244351.jpg" title="Credito: " /><br />
<span style="color: maroon;"><b><span style="font-size: medium;">“Depois que minha filha nasceu, tive uma gravidez<br />
tubária. Eu não podia mais ter filho”</span></b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Os acordos políticos resultarão ainda em loteamento de cargos? </b><br />
<i>Dilma – </i>Não. O apoio político é totalmente legítimo. Em todos os países há uma composição política que governa. O que você tem que exigir é padrões técnicos. Lutei muito para implantar isso no governo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Está satisfeita com o que foi feito?</b><br />
<i>Dilma – </i>Acho que podemos melhorar.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. será avó, em breve. E provavelmente seu neto nascerá num hospital privado e se educará numa escola particular. Em que momento a sra. acha que o Brasil estará pronto para mudar isso?</b><br />
<i>Dilma – </i>Quero muito que isso aconteça porque me esforcei muito para estudar numa excepcional escola pública, que era o Colégio Estadual de Minas Gerais. A gente fazia um vestibularzinho para passar ali. Era difícil. Este é o grande desafio do Brasil. Para a educação ser de qualidade, não é só prédio, laboratório, banda larga nas escolas. É, sobretudo, professor bem remunerado e com formação adequada.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Seu neto vai ter uma superavó, moderna, talvez presidente da República. Essa avó moderna também namora?</b><br />
<i>Dilma –</i> Olha, eu não namoro atualmente, apesar de recomendar para todo mundo. Acho que faz bem para a pele, para a alma, faz todo o bem do mundo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Uma vez eleita, a sra. assumiria um relacionamento? A sra. casaria no meio do mandato?</b><br />
<i>Dilma –</i> A vida não é assim, tem que se confluírem os astros...Eu não sou uma pessoa carente propriamente dita, tive uma vida afetiva muito boa, muito rica. Mas nos relacionamentos há uma variável que é estratégica, que é com quem eu vou casar. Essa variável estratégica eu tenho que saber, porque assim, no genérico, isso não existe. Agora, vamos supor que a pessoa seja maravilhosa e eu esteja apaixonadíssima...</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><img alt="img4.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_4681220668990439.jpg" title="Credito: " /><br />
<span style="color: maroon;"><b><span style="font-size: medium;">“Não sou uma pessoa carente propriamente<br />
dita. Tive uma vida afetiva muito boa, muito rica”</span></b></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. está fechada para isso?<br />
</b><i>Dilma –</i> Não, ninguém pode estar na vida. Mas para mim é uma coisa muito distante. E depende dessa variável: que noivo é esse?</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Qual a sua posição em relação ao aborto? A sra. passou pela experiência de fazer um aborto?</b><br />
<i>Dilma – </i>Eu duvido que alguma mulher defenda e ache o aborto uma maravilha. O aborto é uma agressão ao corpo. Além de ser uma agressão, dói. Imagino que a pessoa saia de lá baqueada. Eu não tive que fazer aborto. Depois que minha filha nasceu, tive uma gravidez tubária, eu não podia mais ter filho. E antes disso só engravidei uma vez, quando perdi o filho por razões normais. Tive uma hemorragia, logo no início da gravidez, sem maiores efeitos físicos.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Isso foi antes de sua filha nascer?</b><br />
<i>Dilma –</i> Foi antes. Tanto é que eu fiquei com muito medo de perder minha filha, quando fiquei grávida. Mas todas as minhas amigas que vi passarem por experiências de aborto entraram chorando e saíram chorando. Eu acho que, do ponto de vista de um governo, o aborto não é uma questão de foro íntimo, mas de saúde pública. Você não pode hoje segregar mulheres. Deixar para a população de baixa renda os métodos terríveis, como aquelas agulhas de tricô compridas, o uso de chás absurdos, de métodos absolutamente medievais, enquanto as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas para fazer aborto. Há muita falsidade nisto.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. defende uma legislação que descriminalize o aborto? </b><br />
<i>Dilma –</i> Que obrigue a ter tratamento para as pessoas, para não haver risco de vida. Como nos países desenvolvidos do mundo inteiro. Atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A Igreja Católica se opõe a isto.</b><br />
<i>Dilma – </i>Entendo perfeitamente. Numa democracia, a Igreja tem absoluto direito de externar sua posição.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. é católica?</b><br />
<i>Dilma – </i>Sou. Quer dizer, sou antes de tudo cristã. Num segundo momento sou católica. Tive minha formação no Colégio Sion.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. passou por um tratamento para curar um câncer e precisa submeter-se a revisões periódicas. O que deu sua revisão dos seis meses?</b><br />
<i>Dilma – </i>Agora faço de seis em seis meses. Fiz há pouco, em abril, e deu tudo perfeito.Existe na sociedade e em cada um de nós uma visão ainda muito pesada sobre a questão do câncer. E isso provoca nas pessoas muita dificuldade em tratar a doença Eu tive a sorte de descobrir cedo. Estava fazendo um exame no estômago e resolveram ver como estavam minhas coronárias. Eu fui para fazer um exame de coronária e descobri um linfoma.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Como a sra. reagiu?</b><br />
<i>Dilma – </i>A notícia é impactante. Na hora eu não acreditei, estava me sentindo tão bem. Há uma contradição entre o que você sente e o que te falam. Para combater o câncer você precisa encontrar forças em você mesma. Tem que se voltar para você, não pode, de jeito nenhum, se entregar. Depois, você combate porque conta com apoio. Eu tive uma sorte danada, recebi apoio popular. Chegavam perto de mim e falavam que estavam rezando. A gente se comove muito. E também tive apoio dos amigos, do presidente, de meus colegas no governo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<b><span style="color: maroon; font-size: medium;">“Eu quero Neymar e o Ganso na Seleção. <br />
Eles trouxeram alegria de volta para o futebol”</span></b></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. rezava? </b><br />
<i>Dilma –</i> Ah, você reza, sim. E reza principalmente porque não é o câncer que é ruim, é o tratamento.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. tem medo que o câncer volte?</b><br />
<i>Dilma – </i>Hoje não.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Como a sra. encara a vida depois disso?</b><br />
<i>Dilma – </i>A gente dá mais valor a coisas que costumam passar despercebidas. Você olha para o sol e fica pensando se você vai poder continuar vendo esta coisa bonita. Você fica mais alerta. Só combate isso se tiver força interna. Vou contar uma coisa. Eu não conhecia a Ana Maria Braga e um dia ela me ligou e conversou comigo explicando como tinha vencido o câncer dela, que o dela era mais difícil, diferente, e que superou. Vou ter sempre uma dívida com ela, porque, de forma absolutamente solidária e humana, ela me ligou naquele momento.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Mudando de assunto, o Lula é um bom chefe?</b><br />
<i>Dilma –</i> Sim. O Lula é uma pessoa extremamente afetiva. Ele não te olha como se você fosse um instrumento dele. Te olha como uma pessoa, te leva em consideração, te valoriza, brinca. Ele tem uma imensa qualidade: ele ri, ri de si mesmo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. também será assim como chefe? Porque dizem que a senhora é o contrário disto, durona...<br />
</b><i>Dilma – </i>Você não pense que o Lula não é duro não, hein. É fácil até para você cobrar, em função disto. Basta dizer: amanhã tem reunião com o Lula. Simples...</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – As reuniões são muito longas? </b><br />
<i>Dilma –</i> A busca de um consenso é um jeito que criamos no governo. Algumas vezes o presidente chamava isto de toyotismo. Não é a linha de montagem da Ford, onde cada um vai olhando só uma parte. É aquele método de ilha da Toyota, porque você faz tudo em conjunto. Outra coisa é que a gente sempre discute com os setores interessados. Sabe como saiu o Minha Casa, Minha Vida? Porque nós sentamos com eles (empresários da construção civil) e conversamos. Eles criticando o que se fazia, os 13 grandes mais a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil. Se você não fizer isso, se não for absolutamente exaustivo no debate do detalhe, o projeto não fica em pé. Na curva ele cai.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Hoje todo mundo comenta, inclusive dentro do partido, que, a partir da entrada do presidente na campanha, suas chances de vitória aumentam. A sra. traz essa expectativa também?</b><br />
<i>Dilma –</i> Do nosso ponto de vista já é dado que o presidente participa. Nós nunca achamos que ele vai chegar um dia e participar depois. O presidente é a maior liderança do PT, a maior liderança da coligação do governo, uma das maiores lideranças do País, uma das maiores lideranças do mundo...</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – O fato de ter duas mulheres pela primeira vez concorrendo dará um tom diferente à campanha? </b><br />
<i>Dilma –</i> Acho que as mulheres estão preparadas para pleitear as suas respectivas candidaturas e o Brasil está preparado para as mulheres agora. Penso que é muito importante que haja um olhar feminino sobre o Brasil. As mulheres são sensíveis e isso é uma grande qualidade. As mulheres são sensatas e objetivas até porque lidam na vida privada com condições que exigem isto. Ou você não conseguiria botar filho na escola, providenciar comida, mandar tomar banho, ir trabalhar... As mulheres também são corajosas: a gente segura dor, a gente encara.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. é a favor ou contra a reeleição? </b><br />
<i>Dilma –</i> Sou a favor. Acho muito importante.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. cederia a possibilidade de uma reeleição para o presidente Lula, no caso de ele querer se candidatar em 2014? </b><br />
<i>Dilma –</i> Ele já me disse para não responder a essa pergunta.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – Até quando a sra. vai obedecer cegamente o que ele manda? </b><br />
<i>Dilma –</i> Lula não exige obediências cegas.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>ISTOÉ – A sra. acompanha futebol como o presidente Lula?<br />
</b><i>Dilma – </i>Quero o Neymar e o Ganso na Seleção. Tenho muita simpatia pelo Ganso, aquele jeito meio desconcertado de falar. Mas gosto dos dois. Eles trouxeram alegria de volta para o futebol. Jogam de forma desconcertante e atrevida.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-91072741613990543352010-05-05T15:09:00.000-03:002010-05-05T15:09:36.279-03:00“Um pássaro na mão ou dois voando”<span class="tilt_5"></span> <div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Escolhas eleitorais</span></div><div> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">por <strong>Marcos Coimbra</strong>, em O Estado de Minas, <a href="http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/"><strong>via Nassif</strong></a></span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Para a vasta maioria da população, a eleição pouco (ou nada) tem a ver com algo tão distante quanto a escolha de um modelo de capitalismo.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Não faz muito tempo, um dos mais renomados articulistas de um importante jornal carioca iniciou sua coluna com uma pergunta natural para esta época do ano: o que terá mais peso nas decisões que os eleitores vão tomar na hora de escolher em quem votar para presidente? Para respondê-la, oferecia, no entanto, alternativas que nada tinham de naturais: seria “a capacidade de sedução do presidente Lula e a boa situação da economia, proporcionando uma sensação de bem-estar à população” ou “a percepção de parte do eleitorado de que uma política externa radicalizada à esquerda tem reflexos inevitáveis na maneira de conduzir a política interna”?</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Quem tivesse lido somente esse começo de texto talvez ficasse com a impressão de que o autor estava brincando. Em nenhum lugar do mundo uma dúvida assim faria sentido e, certamente, não no Brasil.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">De um lado, só estão coisas palpáveis: um presidente que seduz a opinião pública, a economia que vai bem, as pessoas satisfeitas, uma sensação de bem-estar. Do outro, algo que já é enunciado como limitado (“a percepção de parte….”), que põe na mesa uma noção que pouquíssimas pessoas saberiam o que é (“política externa radicalizada à esquerda…”) e que faz uma suposição cuja demonstração é complicada (“reflexos inevitáveis… na política interna”).</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É difícil imaginar escolha mais fácil para a quase totalidade da população brasileira: na balança, em um prato estaria seu bem-estar, no outro, uma abstração a respeito de outra abstração. Quem aposta o que a maioria faria sem titubear?</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">O curioso no artigo é que a pergunta não era retórica. E que o autor não a fazia por redução ao absurdo, para mostrar o equívoco de quem imagina que a agenda da “esquerdização” da política externa possa ter qualquer impacto eleitoral relevante.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Mas não são apenas os jornalistas que fazem, às vezes, perguntas sem sentido. Até os mais ilustres líderes políticos as cometem.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou aos jornais, agora para “reavaliar as diferenças e críticas recíprocas entre PSDB e PT”.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Em tom menos combativo do que vinha usando nas suas recentes intervenções (talvez em sintonia com a orientação de evitar o confronto direto com Lula, emanada do comando da campanha Serra), FHC falou de continuidades, sem comparar governos. Nem sequer foi para a “guerra dos números” para a qual havia desafiado o PT. Magnânimo, propôs que o Bolsa-Família fosse visto como exemplo dos programas que, “independentemente de que governo os tenha iniciado ou melhorado, tiveram o apoio de todos os partidos e da sociedade”.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Seu artigo termina com uma declaração e uma pergunta. Para ele, as diferenças entre Serra e Dilma, mais dia, menos dia, recairão sobre “a verdadeira questão” (uma só, pois as outras, imagina-se, não seriam “verdadeiras”): “Queremos um capitalismo no qual o Estado é ingerente, com uma burocracia permeada por influências partidárias e mais sujeita à corrupção, ou preferimos um capitalismo no qual o Estado permanecerá básico, mas valorizará a liberdade empresarial, o controle público das decisões e a capacidade de gestão?”. No primeiro corner, estaria Dilma, no segundo, Serra.</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Com a biografia que tem, é difícil acreditar que o ex-presidente pense da forma como se expressa. Para a vasta maioria da população, a eleição pouco (ou nada) tem a ver com algo tão distante quanto a escolha de um modelo de capitalismo (“Estado ingerente X Estado básico”). Nem é claro como os dois candidatos seriam classificados. Serra, por exemplo, seria ingerente ou básico? E Dilma? Quem sabe os dois não seriam as duas coisas? E quem falou que PSDB e PT têm, para as pessoas comuns, imagens tão diferentes no tocante à partidarização do governo, sujeição ao risco da corrupção, valorização da iniciativa privada, controle público e capacidade de gestão? Quem disse que elas só enxergam virtudes em um e defeitos no outro?</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Nas eleições deste ano, a população brasileira não se fará perguntas sem sentido ou indagações estratosféricas. Para ela, as escolhas serão bem mais concretas: continuar ou mudar? Um pássaro na mão ou dois voando? Ela ou ele?</span></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É concreto, embora simples não seja.</span></div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2497679399618161041.post-59811969245523188012010-04-13T15:54:00.000-03:002010-04-13T15:54:29.103-03:00Serra e Dilma empatados: pesquisa Sensus para presidente<div style="font-family: Verdana,sans-serif;">Como já haviam previsto IBOPE e Vox Populi, Serra e Dilma estão empatados. Mesmo que o Data Folha não queira...</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif;">Resultado Vox Populi:</div><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">32,7% a 32,3%. Serra e Dilma.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Ciro Gomes: 10,1%. Marina Silva: 8,1%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Brancos e nulos: 7,7%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não sabe: 9,1%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Cenário sem Ciro: Serra 36,8%; Dilma 34,0%; Marina, 10,6%. Brancos e nulos: 9,1%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não sabe ou não respondeu: 9,5%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Segundo turno: Serra 41,7%; Dilma, 39,7%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Brancos e Nulos: 10,1%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não sabe e não respondeu: 8,5%.</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Margem de erro da pesquisa: 2,2%</span><br style="font-family: Verdana,sans-serif;" /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Foram 2 mil entrevistas feitas entre 5 e 9 de abril em 136 municípios de 24 Estados.</span><br />
<br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif;">Comprovado: o Data Folha é uma fraude...</div>Andre Passoshttp://www.blogger.com/profile/12681426097751443625noreply@blogger.com0