Permito-me reproduzir abaixo texto do Marco W. do RS URGENTE. Análise perfeita.
O triunfo (e a falácia) do culto à novidade
Desde a eleição de Germano Rigotto (PMDB) para o governo gaúcho, em 2002, a apologia do novo tornou-se uma categoria central nos discursos eleitorais no Estado. Em 2006, Yeda Crusius (PSDB) apostou todas suas fichas no “novo jeito de governar”. E levou. Agora, em 2008, na campanha eleitoral em Porto Alegre, mais uma vez o “novo” apresenta-se à população. Com um agravante. Desta vez, há uma disputa entre mais de uma candidatura sobre quem é, realmente, a essência do novo. Em vários momentos, os programas eleitorais no rádio e na TV e os debates entre candidatos acabam se revelando um surto de euforia pela paternidade ou maternidade do novo. Para além de velhos truques publicitários que retocam e redesenham a embalagem de conhecidos produtos para apresentá-los como novidade, há um elemento de recusa e desprezo pela memória e pela história política do Estado.
Desde a eleição de Germano Rigotto (PMDB) para o governo gaúcho, em 2002, a apologia do novo tornou-se uma categoria central nos discursos eleitorais no Estado. Em 2006, Yeda Crusius (PSDB) apostou todas suas fichas no “novo jeito de governar”. E levou. Agora, em 2008, na campanha eleitoral em Porto Alegre, mais uma vez o “novo” apresenta-se à população. Com um agravante. Desta vez, há uma disputa entre mais de uma candidatura sobre quem é, realmente, a essência do novo. Em vários momentos, os programas eleitorais no rádio e na TV e os debates entre candidatos acabam se revelando um surto de euforia pela paternidade ou maternidade do novo. Para além de velhos truques publicitários que retocam e redesenham a embalagem de conhecidos produtos para apresentá-los como novidade, há um elemento de recusa e desprezo pela memória e pela história política do Estado.
Elas, a memória, a história e a experiência, são apresentadas como coisas velhas que devem ser deixadas para trás. O que importa, afirma incessantemente esse discurso, é olhar para frente, é valorizar o novo, é ter uma nova atitude para governar. No lugar da política, entra a gestão. Ao invés da história, a vitrine reformada. O que já se chamou outrora “debate programático” deu lugar a duelos de atitudes. Pelo andar da carruagem, na próxima eleição, poderia se economizar tempo e dinheiro delegando a decisão para uma comissão de publicitários, marqueteiros e consumidores que avaliariam em um festival qual o melhor produto para assegurar a felicidade e o bem-estar da população. Para que insistir neste negócio de política, de debates de idéias e programas, essas velharias que só atrapalham o progresso?
Há uma falácia embutida – e não explicitada – nesta apologia do novo. Ela vem acompanhada de uma crítica à história de polarização política no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, apresentada como o “velho”. Ao fazer essa crítica, porém, a dita polarização, expulsa pela porta da frente, retorna pela janela dos fundos. Disfarçada. Trata-se, agora, de uma polarização entre o novo e o antigo. Ou melhor dizendo, entre o que se apresenta como novo e o que é apresentado como antigo. A aplicação desta falácia ao discurso eleitoral vem dominando (com sucesso) o debate político gaúcho desde a campanha de Rigotto. O que é mais curioso é que esse predomínio se manifesta agora, mais uma vez, em meio às comemorações da Semana Farroupilha, quando o passado e a memória do Estado são cantados em prosa e verso. Esse canto, transformado em retórica vazia, deu lugar a um delírio eufórico sobre quem é a encarnação da novidade.
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