Li hoje no blog da Manuela, com vários dias de atraso, ao lado de uma foto que aponta Manuela como "o novo para Porto Alegre":
Já vi este filme.
Ampliação
A novidade, quanto às perspectivas de aliança eleitoral, foi a declaração do presidente municipal do PPS, feita no discurso de saudação. Odone afirmou que vê com bons olhos uma aproximação com o PCdoB, e não descarta uma aliança no primeiro turno. ''Temos pela frente uma eleição com dois turnos. Mas, por que não uma aliança já no primeiro?''
Já vi este filme.
Tá virando moda a cada eleição alguém intitular-se "O novo", na tentativa de aproveitar os votos dos insatisfeitos de toda natureza. O novo aqui é posto entre aspas porque é um pseudo-novo. O artigo que o precede está em letra maiúscula posto que quem tenta enquadrar-se nesta categoria o faz em termos absolutos: sendo o novo, os outros são o velho. Nada do que está nos outros é admitido como novidade.
Precisando um pouquinho...
Em um conceito bem restrito, novo é algo diferente do que ai está ou esteve. No caso das eleições de Porto Alegre, o que ai está, ou esteve, inclui a atual gestão municipal, as passadas e as candidaturas alternativas.
Nesta eleição, Manuela propôe-se O "novo". Vejamos.
Comecemos pelas candidaturas. Não quero crer que Manuela tente distinguir-se, nesta dimensão, diretamente, por razões etárias e de gênero, por sua juventude ou condição feminina. Ou seja, que tente afirmar-se naturalmente diferente. De qualquer forma, se assim afirmar-se, deparar-se-á com a também natural condição de jovem de Nelson Marchezan Jr. e, igualmente, com a condição feminina de Maria do Rosário e Luciana Genro. Assim, sob este aspecto, não haveria qualidade distintiva natural a contar para Manuela. Não seria novidade.
Em que outro sentido então, poderia ser novidade Manuela? Talvez ela possa afirmar-se a única candidatura a aliar a condição de jovem, mulher e "nova" na política. Nova na política significaria aqui estar a pouco tempo na arena política, e, assim, não ter nenhum débito (ou crédito) com política até aqui desenvolvida em Porto Alegre, supondo esta negativa. Bem, se alguém quer afirmar-se novidade, é porque julga negativo ou insuficiente o que até aqui foi feito.
Se isto é verdade - se para ser novidade não basta ser jovem e mulher, mas ter uma leitura negativa do que as outras experiências partidárias até aqui fizeram - pergunto: pode assumir a condição de novidade uma candidatura que admite algum grau de identidade com o PPS - sigla sob a qual se elegeu José Fogaça, o atual prefeito, que elaborou o seu programa e conduziu seu governo - a ponto de entusiasmar-se com a possibilidade de com este firmar uma chapa para disputar a eleição, portanto uma aliança para governar? Por acaso dirão , o PC do B e Manuela, a pretexto de romper com a continuidade (premissa de quem quer-se novo), aos agentes políticos do PPS presentes no governo Fogaça que estes não manterão suas posições e políticas em um eventual governo Manuela?
Aliás, o PPS está se especializando em "novidades". Yeda foi uma delas. É assim que a turma do Britto sobrevive eleitoralmente.
Espero, sinceramente, que Manuela e o PC do B não embarquem nessa. Correm o risco de servir de hospedeiros do que de mais conservador há na política gaúcha.
Comecemos pelas candidaturas. Não quero crer que Manuela tente distinguir-se, nesta dimensão, diretamente, por razões etárias e de gênero, por sua juventude ou condição feminina. Ou seja, que tente afirmar-se naturalmente diferente. De qualquer forma, se assim afirmar-se, deparar-se-á com a também natural condição de jovem de Nelson Marchezan Jr. e, igualmente, com a condição feminina de Maria do Rosário e Luciana Genro. Assim, sob este aspecto, não haveria qualidade distintiva natural a contar para Manuela. Não seria novidade.
Em que outro sentido então, poderia ser novidade Manuela? Talvez ela possa afirmar-se a única candidatura a aliar a condição de jovem, mulher e "nova" na política. Nova na política significaria aqui estar a pouco tempo na arena política, e, assim, não ter nenhum débito (ou crédito) com política até aqui desenvolvida em Porto Alegre, supondo esta negativa. Bem, se alguém quer afirmar-se novidade, é porque julga negativo ou insuficiente o que até aqui foi feito.
Se isto é verdade - se para ser novidade não basta ser jovem e mulher, mas ter uma leitura negativa do que as outras experiências partidárias até aqui fizeram - pergunto: pode assumir a condição de novidade uma candidatura que admite algum grau de identidade com o PPS - sigla sob a qual se elegeu José Fogaça, o atual prefeito, que elaborou o seu programa e conduziu seu governo - a ponto de entusiasmar-se com a possibilidade de com este firmar uma chapa para disputar a eleição, portanto uma aliança para governar? Por acaso dirão , o PC do B e Manuela, a pretexto de romper com a continuidade (premissa de quem quer-se novo), aos agentes políticos do PPS presentes no governo Fogaça que estes não manterão suas posições e políticas em um eventual governo Manuela?
Aliás, o PPS está se especializando em "novidades". Yeda foi uma delas. É assim que a turma do Britto sobrevive eleitoralmente.
Espero, sinceramente, que Manuela e o PC do B não embarquem nessa. Correm o risco de servir de hospedeiros do que de mais conservador há na política gaúcha.
4 comentários:
O "novo" não pode ser manchado pelo ardil da elite liberal gaúcha, de Yeda, assim como a "revolução de 64" - que foi um golpe, pode manchar as transformações revolucionárias. A novidade está na possibilidade de um partido massacrado pela intolerância se unir (sendo este o protagonista), com empresários e "ex-comunistas misturados com K!" para elevar POA ao patamar de um novo Brasil, com Lula, e avançando além deste, para o socialismo, cujas condições de implementação independe apenas das vontades humanas, e depende mais das condições objetivas.
Sempre digo por aí, que a campanha do PT deverá desconstruir o conceito de "novo", bem como aprofundar o conceito "experiência administrativa". Quero ver os "gênios" do marketing (sic) político nesta hora...
Não dá mais para eleger candidatos que são verdadeiras aventuras políticas, cujos desastres se apresentam um mês depois de assumirem.
Não costumo acompanhar programa eleitoral, até porque tenho voto consolidado. Mas, desta vez, terei mais paciência, até para escrever no blog.
Quanto a votar na Manuela, não verei tanto problema, caso ela passe para o segundo turno com algum representante da direita portoalegrense. Certamente, o PT fará parte do seu governo e, na Câmara, dar-lhe-á apoio. Agora, um segundo turno entre Manuela e Rosário (eu prefiria o Rossetto), com a primeira vencendo, será um governo bizarro!
A ver e a saber.
Caro (a) amigo (a) Anonimo (a),
Empresários? Ex-comunistas? Onde?
Se lá estivessem os empresários e ex-comunistas que, por conversão ideológica, são aliados de um projeto popular, ótimo. Mas não estão.
O PPS consiste em uma elite política que entre seus expoentes tem Berfran Rosado. Cito este nome porque, a propósito da citação que fizeste, trata-se de quem foi coordenador da campanha do "ardil da elite liberal gaúcha" Yeda. Outros membros do PPS estão no centro do governo Yeda. E se lá estão ou é porque seu projeto converge com a elite liberal gaúcha ou por puro fisiologismo. Tanto faz, porque no primeiro caso significa que, se não por razões de classe, por afinidade ideológica passaram a fazer parte desta que chamas elite liberal gaúcha (os "empresários" e os "ex-comunistas"). No segundo,que só existe por hipótese, é cumplicidade...
A aliança que Manuela está tentando construir é com o núcleo duro do Brittismo, o que de mais neo-liberal passou pelo Rio Grande.
O PPS vai largar a condução política do governo Yeda? Vai sair do governo Fogaça? Vai fazer a (auto)crítica destes projetos e do legado histórico negativo que Berfran e Paulo Odone construiram junto com Britto?
Se não fizerem isto, e acho que não farão, o que querem com este "partido massacrado pela intolerância" é aproveitar-lhe os votos da Manuela prá continuar sobrevivendo.
Saudações.
Excelente postagem, com análise impecável das manhas da direita para se manter no poder. O comentário de quem tenta justificar isso é impagável. "Empresários", "ex-comunistas" etc e tal, que salada indigesta!
Só mais um detalhe. Da mesma forma que o uso da palavra "novo" é marca registrada da direita para tentar se travestir de alguma coisa que não é, também dá para usar, aqui, outra expressão que lhe é muito cara, quando quer desqualificar uma candidatura: a falta de experiência. Que pode ser muito bem aplicada a Manuela, de acordo com estes mesmos "critérios" da direita.
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