Enquanto os candidatos debatem o mesmo de sempre, o mercado segue fazendo das suas. Uma área que deveria ser pública será privatizada: o terreno do Estaleiro Só. Deveria ser pública como é a área contigua ao Parque Marinha do Brasil e a Usina do Gasômetro. Não será. Será ocupada por imensos prédios residenciais.
O problema da proposta ocupação residencial é que ela será destinada a pequena fração da população que possui gordas contas bancárias e costuma fechar-se em condomínios inacessíveis, com medo da violência. Alegar que haverá possibilidade de acesso para toda a população é quase uma piada de mau gosto. O que hoje se apresenta é, sim, um projeto que privatiza definitivamente uma área do Guaíba.
Alegam os "doutos" empresários que nenhum outro tipo de empreendimento é economicamente viável. E daí?
O Parque Marinha é economicamente viável? A Usina do Gasômetro é economicamente viável? A Redenção é economicamente viável? O Museu Iberê seria economicamente viável, não fossem os milhões de incentivo cultural dados pelo Estado brasileiro? O MARGS é economicamente viável?
O uso do espaço público não deve organizar-se exclusivamente - e nem principalmente - pelo principio do economicamente viável, mas do economicamente sustentável, do publicamente correto, do ambientalmente adequado...
Mas nenhum candidato contraria. Preferem discutir outras coisas. Deveriam estar dizendo se concordam ou não, oferecendo alternativas.
Vocês já imaginaram se na frente do Parque Marinha houvessem imensos aranha-céus a tapar o horizonte totalmente aberto ao por-do-sol? É mais ou menos isto que vai acontecer naquela ponta da Beira-Rio. E depois, o que virá, qual será o próximo projeto economicamente viável?
Não quero nem pensar...
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