Recomendo a leitura da postagem "Porto Alegre é Demais" do Marco W. no blog RSURGENTE. Um trechinho: "(...) Mas vendo Porto Alegre aqui de Buenos Aires, comparando o que há nas bancas de jornais, é assim que a cidade me parece. Porto Alegre é demais, diz a letra de conhecida música. Hoje, está conservadora demais, reacionária demais e medíocre demais."
Lendo-a lembrei-me do tempo que perdi assistindo ao debate na TV Bandeirantes, dia 31/07/08, entre os candidatos a prefeito (a) de Porto Alegre. Não é somente nas bancas de jornais que Porto Alegre mostra-se sem criatividade, sem disposição para inovar, mudar de fato, oferecer alternativas progressistas. Nenhum dos candidatos saiu da mesmice, do repeteco burocrático/administrativista: critica ao atual x "mais saúde, mais educação, mais segurança, mais...". Não houve diferenças marcantes entre os candidatos (as). Diferenças de desempenho retórico, de imagem, de segurança diante das cameras, talvez. Mas de conteúdo - ou de linha - não.
Cada um dos candidatos procurou mostrar-se mais capaz de resolver problemas temáticos da cidade: saúde (mais postos, mais agentes de saúde, etc.), segurança (mais guardas, etc.), etc. Todos adotaram a linha "melhorar", "aumentar", "fazer mais". Nenhum (a) adotou a linha inverter, revolucionar.
Nenhum apresentou uma alternativa paradigmaticamente (para não usar ideologicamente, palavra que parece estar sendo criminalizada em Porto Alegre) diferente, a altura da cidade que, no passado recente, erigiu uma das mais modernas, poderosas e profundas experiências de Democracia do século XX. Experiência que foi , não por acaso, capaz de referenciar Porto Alegre como a sede do movimento de alternativa ao modelo de mundo protagonizado por Mr. Bush e seus parceiros do Forum de Davos: o Forum Social Mundial.
Enquanto Mr. Bush e seus associados de Davos ofereciam ao mundo um modelo de redenção baseado na hiper-valorização do capital, na extensão sem limites da sua dinâmica a todas as dimensões da vida na terra, no mercado e no consumo como mecanismos organizadores de todos os valores humanos, em Porto Alegre surgia uma outra prática, propondo a recondução da política ao status de categoria organizadora de valores e ações humanas, através da democracia radical, participativa. Esse era o rumo que Porto Alegre seguia, suas políticas públicas eram organizadas a partir deste sentido, oferencendo resistência a vida subordinada a reprodução do capital, ao mercado. Até 2005 iniciar.
Neste sentido, entre os candidatos (as) não vi nada diferente, no sentido de radicalmente alternativo, do que ai está. Ao menos, nada organizado sob um claro conceito capaz de expressar uma alternativa. Porto Alegre podería até escolher continuar conservadora, medíocre, reacionária, mas, ao menos, teria opção. Não é o que estamos vendo...
Um comentário:
Perfeito, André: a palavra ideologia está criminalizada e, vergonha das vergonhas, por gente que deveria estar mais preparada para pontuar a diferença de projetos políticos!
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