Zero Hora
14 de agosto de 2008 N° 15695
GUERRA NO CÁUCASO
EUA cobram trégua da Rússia
Ontem, Moscou teria desrespeitado o acordo de cessar-fogo
A guerra é na Geórgia, mas foram os Estados Unidos que ontem endureceram o discurso e atacaram a Rússia – reacendendo a tensão que assombrou o mundo durante os anos de Guerra Fria. Diante da suposta violação do acordo de cessar-fogo dos russos, o presidente americano, George W. Bush, deixou de lado a postura discreta e tomou partido no conflito.Ele fez um pronunciamento logo depois de receber a notícia de que os russos haviam rompido a trégua, ao realizarem novas investidas em território georgiano. Os EUA exigiram de Moscou o cumprimento do cessar-fogo assinado na terça-feira e acusaram suas tropas de estarem bloqueando as principais vias da Geórgia. Bush decidiu enviar a secretária de Estado, Condoleezza Rice, a Paris, na França, e a Tiblisi, capital da Geórgia, para tentar auxiliar a solucionar a crise na região do Cáucaso.
EUA cobram trégua da Rússia
Ontem, Moscou teria desrespeitado o acordo de cessar-fogo
A guerra é na Geórgia, mas foram os Estados Unidos que ontem endureceram o discurso e atacaram a Rússia – reacendendo a tensão que assombrou o mundo durante os anos de Guerra Fria. Diante da suposta violação do acordo de cessar-fogo dos russos, o presidente americano, George W. Bush, deixou de lado a postura discreta e tomou partido no conflito.Ele fez um pronunciamento logo depois de receber a notícia de que os russos haviam rompido a trégua, ao realizarem novas investidas em território georgiano. Os EUA exigiram de Moscou o cumprimento do cessar-fogo assinado na terça-feira e acusaram suas tropas de estarem bloqueando as principais vias da Geórgia. Bush decidiu enviar a secretária de Estado, Condoleezza Rice, a Paris, na França, e a Tiblisi, capital da Geórgia, para tentar auxiliar a solucionar a crise na região do Cáucaso.
– Nós não estamos em 1968 e na invasão da Checoslováquia, onde a Rússia pode ameaçar um vizinho, ocupar uma capital e derrubar um governo. As coisas mudaram – disse Condoleezza.
...
Ontem falei disto aqui no Blog. Nenhuma novidade, ZéAgah é lento jornalismo. Lento e limitado, porque cego pelo viés.
Em algum lugar da matéria você encontra alguma informação sobre qual a diferença entre 68 e os dias atuais? Não. Porque os EUA aceitavam, em 68, a Rússia ameaçando um país vizinho e derrubando governos, como diz Condoleezza?
Dei a dica: naquela época o mundo estava, por acordo, o de Yalta, pós-segunda guerra, dividido em 2/3 sob o dominio dos EUA e 1/3 da União Soviética. Discursos e ideologias à parte, salvo algumas - importantes - tensões localizadas, Vietnam por exemplo, manteve-se assim por um longo período. É por isso que Condoleezza diz o que disse. Numa coisa ela está certa, não estamos em 68: Não há acordo agora. As coisas mudaram. Noutra, não: Se não há acordo, pode-se quase tudo. Ao ouvir isto, Putin deve ter pensado: e eles, podem invadir o Iraque, contra todas as opiniões?
Esta é mais uma tensão que poderá, ou não, levar a um acordo. O Iraque não levou. Sobram instâncias de coordenação, mas ainda nenhuma tem capacidade para estabelecer um acordo geral legítimo: G8, OTAN, Forum de Davos, etc. A segunda guerra, e muita coisa que aconteceu antes e durante, levou a Yalta. Mas havia, ao final desta, mais do que uma disputa entre países capitalistas imperialistas. E agora? O papel ideológico, não-capitalista, da União Soviética está vago... O conflito atual é "só" por melhores condições para a acumulação de capital para a Rússia ou para os Estados Unidos.
Mas este raciocínio, importante para entender o que está acontecendo, você não vê em ZéAgah. O que você vê? Vê os EUA no papel de disciplinador do mundo. Vê a possibilidade de retorno da Guerra Fria. Não vê porque o cessar-fogo não se cumpre integralmente, mesmo com os EUA levantando a voz. Não vê a guerra por gás e petróleo. Não vê porque Putin, quem verdadeiramente manda na Rússia, ainda não se pronunciou. Não vê que assim é porque está apenas começando.
No acordo de cessar-fogo não estão os principais elementos do conflito. Por isso ele é precário.
Embora tenha a informação, nas falas de Condoleezza e Sergei Lavrov, ZéAgah não informa. Usa como entrelinha da descrição dos fatos o viés do alinhamento ideológico/moralista pró-EUA: EUA=defesa dos bons valores (liberdade, etc.). Mas o fato é que no Iraque e na Geórgia, por dois caminhos diferentes, os EUA miram, exclusivamente, a preservação de seus interesses econômicos. Com governos legítimos (Georgia) ou ilegítimos (Iraque). E a Rússia, também.
Leia, a partir disto que disse, a declaração de Sergei Lavrov, chanceler russo, na mesma matéria de ZéAgah:
A liderança da Geórgia é um projeto especial para os EUA. Em algum momento, será necessário escolher entre apoiar esse projeto virtual ou então apoiar uma parceria real em questões que requerem uma ação coletiva – disse o chanceler russo, Sergei Lavrov.
Esta "parceria" estava fixada em Yalta. Não existe mais. Mas a Rússia, Putin, mandou avisar que está de volta ao palco. Em iguais condições...
3 comentários:
Publicado no Zero Fora, importante contribuição para denunciar o péssimo jornalismo praticado pelo PRBS.
Zero Lero ñ percebe q a falácia da "ameaça comunista" ñ cola mais. Seus editores ainda tentam enquadrar o conflito no âmbito da guerra fria. Mas isso é simplesmente impossível, por q, como eles gostam tanto d dizer, o mundo mudou e a "análise" do conflito por esse viés é coisa para "dinossáuros", como tbém eles gostam tanto d dizer.
O alinhamento de ZH com os EUA obedece a óbvias razões étnicas.
E no mais, é a velha desordem capitalista, da qual a RBS é uma das grandes promotoras.
Eugênio
Para quem acompanha as Olimpíadas e gosta de matemática: a cobertura do SPORTV das Olimpíadas está para os atletas Estados Unidos assim como a cobertura do Brasileirão está para os times de São Paulo e do Rio.
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Abraço
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