E dá-lhe pesquisa sobre as eleições de 2008 em Porto Alegre. Menos de uma semana depois da Datafolha, outra, feita pelo Instituto Methodus, foi divulgada.
Ambas mostram o óbvio. A um ano da eleição, Fogaça não está conseguindo, com seu governo, manter a vantagem obtida em 2004. As forças que ele enfrentou em 2004 recuperaram boa parte do terreno, estabelecendo um cenário de equilibrio e polarização.
Algumas observações, agora também com os números da pesquisa Methodus.
Primeiro. Em ambas as pesquisas é possível deduzir em que termos, provavelmente, se dará a disputa no segundo turno. O arranjo atual de candidaturas cristaliza um claro e estável equilíbrio de preferências entre situação e oposição nas eleições de 2008. De um lado estão PMDB, DEM, PDT, PP e PSDB. De outro, PT, PCdoB e PSol. Já como apontava a pesquisa Datafolha, o percentual de cada bloco varia dependendo do cenário, mas em todos aponta um empate técnico entre eles, tendo em vista a margem de erro de 4% da pesquisa. Alteram-se os candidatos, redistribuem-se preferências intra-blocos, mas não altera-se, com significância estatística, o espaço de cada um dos grupos no total de votos. Sendo assim, o mais provável é contarmos com um candidato de cada bloco no segundo turno.
Diferentemente da pesquisa Datafolha, a do Instituto Methodus apresenta simulações de 2º turno, o que permite visualizar com mais clareza e certeza a acima mencionada observação sobre equilíbrio altamente estável entre blocos. Com estas simulações, vemos que os votos dispersos entre os candidatos da oposição no primeiro turno transferem-se automaticamente para o candidato da oposição que alcança o segundo turno, qualquer que seja ele(a) - Miguel Rosseto, Maria do Rosário ou Manuela. Qualquer um destes candidatos, chegando ao 2º turno, tem chances estatísticas iguais de bater Fogaça. Já os votos dados a situação no 1º turno, no 2º turno convergem automaticamente para o candidato Fogaça. A presença destes candidatos em competição no 2º turno, produz um persistente empate técnico.
Outro aspecto "revelado" pelas simulações de 2º turno é a importância dos votos de centro nesta eleição. Os dois candidatos que, ao menos simbolicamente, mais se deslocam do centro - à esquerda Luciana Genro e à direita Onix Lorenzoni - não se viabilizam no 2º turno ao enfrentar o candidato de situação. Faltaram cenários entre candidaturas de oposição mais tendentes ao centro versus Luciana e Onix, mas acredito que a situação se repetiria, beneficiando candidaturas com uma imagem mais ao centro. O eleitor pragmático será decisivo, como foi em 2004. É uma pista para a agenda da disputa: neste cenário temas locais, soluções para questões práticas da cidade, tendem a adquirir importância central...
Segundo. Assim como na Datafolha, não é possível, na pesquisa feita pelo Instituto Methodus, saber com segurança os nomes que se enfrentarão no segundo turno. Fogaça, Manuela, Miguel Rosseto, Maria do Rosário, Luciana Genro e Onix Lorenzoni, todos estes tem percentuais da preferência do eleitor que, considerada a margem de erro, os posiciona em pelo menos segundo lugar. Fogaça, por exemplo, que lidera em todos os cenários, pode estatísticamente - considerada a margem de erro de 4% - ficar fora, ser segundo ou primeiro colocado no primeiro turno. Portanto, em função da margem de erro e do elevado número de candidatos com a mesma densidade eleitoral, é atividade de prestidigitação a tentativa de analisar tomando somente as candidaturas individualmente.
De qualquer forma ainda falta praticamente um ano para o voto, muita coisa pode mudar...
Para ver a pesquisa Methodus na íntegra: Instituto Methodus
Ambas mostram o óbvio. A um ano da eleição, Fogaça não está conseguindo, com seu governo, manter a vantagem obtida em 2004. As forças que ele enfrentou em 2004 recuperaram boa parte do terreno, estabelecendo um cenário de equilibrio e polarização.
Algumas observações, agora também com os números da pesquisa Methodus.
Primeiro. Em ambas as pesquisas é possível deduzir em que termos, provavelmente, se dará a disputa no segundo turno. O arranjo atual de candidaturas cristaliza um claro e estável equilíbrio de preferências entre situação e oposição nas eleições de 2008. De um lado estão PMDB, DEM, PDT, PP e PSDB. De outro, PT, PCdoB e PSol. Já como apontava a pesquisa Datafolha, o percentual de cada bloco varia dependendo do cenário, mas em todos aponta um empate técnico entre eles, tendo em vista a margem de erro de 4% da pesquisa. Alteram-se os candidatos, redistribuem-se preferências intra-blocos, mas não altera-se, com significância estatística, o espaço de cada um dos grupos no total de votos. Sendo assim, o mais provável é contarmos com um candidato de cada bloco no segundo turno.
Diferentemente da pesquisa Datafolha, a do Instituto Methodus apresenta simulações de 2º turno, o que permite visualizar com mais clareza e certeza a acima mencionada observação sobre equilíbrio altamente estável entre blocos. Com estas simulações, vemos que os votos dispersos entre os candidatos da oposição no primeiro turno transferem-se automaticamente para o candidato da oposição que alcança o segundo turno, qualquer que seja ele(a) - Miguel Rosseto, Maria do Rosário ou Manuela. Qualquer um destes candidatos, chegando ao 2º turno, tem chances estatísticas iguais de bater Fogaça. Já os votos dados a situação no 1º turno, no 2º turno convergem automaticamente para o candidato Fogaça. A presença destes candidatos em competição no 2º turno, produz um persistente empate técnico.
Outro aspecto "revelado" pelas simulações de 2º turno é a importância dos votos de centro nesta eleição. Os dois candidatos que, ao menos simbolicamente, mais se deslocam do centro - à esquerda Luciana Genro e à direita Onix Lorenzoni - não se viabilizam no 2º turno ao enfrentar o candidato de situação. Faltaram cenários entre candidaturas de oposição mais tendentes ao centro versus Luciana e Onix, mas acredito que a situação se repetiria, beneficiando candidaturas com uma imagem mais ao centro. O eleitor pragmático será decisivo, como foi em 2004. É uma pista para a agenda da disputa: neste cenário temas locais, soluções para questões práticas da cidade, tendem a adquirir importância central...
Segundo. Assim como na Datafolha, não é possível, na pesquisa feita pelo Instituto Methodus, saber com segurança os nomes que se enfrentarão no segundo turno. Fogaça, Manuela, Miguel Rosseto, Maria do Rosário, Luciana Genro e Onix Lorenzoni, todos estes tem percentuais da preferência do eleitor que, considerada a margem de erro, os posiciona em pelo menos segundo lugar. Fogaça, por exemplo, que lidera em todos os cenários, pode estatísticamente - considerada a margem de erro de 4% - ficar fora, ser segundo ou primeiro colocado no primeiro turno. Portanto, em função da margem de erro e do elevado número de candidatos com a mesma densidade eleitoral, é atividade de prestidigitação a tentativa de analisar tomando somente as candidaturas individualmente.
De qualquer forma ainda falta praticamente um ano para o voto, muita coisa pode mudar...
Para ver a pesquisa Methodus na íntegra: Instituto Methodus
10 comentários:
imagino a dificuldade do blogueiro para incluir, ou não excluir, a candidatura da DS da disputa. pela pesquisa fica claro que o nome de miguel rossetto é o nome do pt para perder melhor e mais rápido. como o pt não dará jamais a legenda para seu nome melhor colocado na pesquisa, surge o nome do ex olívio dutra como ás na manga, do mesmo grupo apoiador da candidatura natimorta - miguel rossetto - para unificar o partido e partir para mais uma derrota apertada.
Amigo,
Existe uma teoria, chamada escolha racional, ganhou um prêmio nobel, não que seja muito, mas mais do que intuição, talvez... Useia-a como modelo para minha análise. Lei-a. Arrows é seu autor mais conhecido. Ela diz que o voto converge para o anti-candidato. O eleitor escolhe quem mais tem chances de vencer dentro de seu campo de escolhas. Quem restringe seu campo é o partido. Depois de escolhido o nome... Para o eleitor anti-fogaça a melhor escolha é todo aquele que não é Fogaça. Isto é o que mostram as pesquisas. O segundo turno é a melhor situação para ver isto... Escolha quem você quer... Mas não exclua da análise quem você não defende!!!
Não conheço a teoria chamada escolha racional, mas admito que a vida nos ensina a praticá-la, sempre que possível. Não li Arrows, mas li a pesquisa. E dela pude extrair a seguinte informação: 48% dos "eleitores" opinaram que o candidato do PT deverá ser Maria do Rosário; 26,5% citaram Miguel Rossetto. Com margem de erro de 4% não estamos diante de um empate técnico. Nas simulações de 2º turno, entre os tres melhor colocados do campo da esquerda, o pior desempenho é do Miguel Rossetto, com uma diferença de 6,5 pontos percentuais, acima da margem de erro, não se configurando portanto um empate técnico, ao contrário do que o senhor afirma. É a pesquisa.
Caro Marcos,
Comparei as chances dos candidatos em relação a seus blocos opositores, não dentro de seus próprios blocos. Não vou me meter nisso, por enquanto, pela simples razão de que não acho possível, estatísiticamente, usar esta pesquisa de opinião para definir escolhas intra-partidárias, de nomes. Em relação a Fogaça, candidato que Maria do Rosário, Miguel Rossetto e Manuela enfrentariam pelas simulações, os cenários são, como deves ter visto, respectivamente 43,7% x 43% (Maria), 45,7% x 39,2% (Rosseto) e 42,7% x 40,8% (Manuela). É correta, portanto, tua afirmação de que a vantagem de Fogaça é de 6,5% sobre Miguel Rosseto. Só que a conta não é direta assim como fazes (6,5% > 4%, portanto não há empate. Como dizes: "com uma diferença de 6,5 pontos percentuais, acima da margem de erro [4%], não se configurando portanto um empate técnico, ao contrário do que o senhor afirma.") quando se trata de margem de erro. A conta é: Fogaça tem 45,7%, considerando a margem de erro de 4% seu percentual pode variar no intervalo (41,7%;49,7%) com grau de confiança de 95%. Miguel Rosseto tem 39,2%,considerando a margem de erro de 4% seu percentual pode variar no intervalo (35,2%;43,2%) com grau de confiança de 95%. Estatísticamente o empate técnico está configurado porque, dada a margem de erro, uma das probabilidades é Fogaça 41,7% (45,7% menos 4%) e Miguel Rosseto 43,2% (39,2% mais 4%). Não é malabarismo, é estatística. Para não haver a possibilidade de empate técnico a vantagem tem que ser superior a 8%! Por isso, como deves ter lido, falei que não são possíveis análises com centro em nomes!!! Este é um problema de pesquisas com margem de erro superior a 2,5%, para apontar nomes a diferença entre eles tem que ser enorme.
Por fim, acho que, por culpa minha, ficaste com a impressão de arrogancia quando referi minha base teórica para análise de comportamento eleitoral. Desculpe-me, foi só uma tentativa de mostrar que não estava, na minha análise, tentando fazer malabarismo para favorecer alguém em disputas internas no PT.
Abç
André
Senhores, vejam como encolhemos o nosso horizonte utópico. Agora estamos loucos de faceiros só de re-vencer a prefa POA.
Que pobreza!
Cristóvão, isso se dá por absoluta falta do que fazer.
Um ano novo loco de faceiro prá vocês...
No aguardo de novas utopias, pelo fim da pobreza de "esprito" e do desperdício de tempo,
Do amigo blogueiro
André Passos
P.S.: até lá vou encher o saco de vocês um pouco mais com curtas sobre eleições (hehehehehe)...
André, coisa boa ler tuas análises sobre as pesquisas. Primeiro, porque sou desconfiadíssima com tais pesquisas. Foi a partir da divulgação de pesquisa eleitoral manipulada pelo IBOPE em 2002, que entrei na luta pela democratização da comunicação e ajudei a fundar o Zero Fora que já não tem tanto gás. Uma das hipóteses a isso, na nossa avaliação, é porque as pessoas já introduziram que o Grupo RBS é problemático, mas, na falta do que fazer, continuam com suas assinaturas e assistindo ao JA. Coisas da vida, parafraseando o Feil.
Por isso desconfio da preferência eleitoral da Maria do Rosário apontada por estas pesquisas e mostradas ao público. Antes de mais nada, deixo bem claro que não sou filiada a partido político algum, nem pretendo sê-la. Voltando à possível candidata na convenção municipal e sua preferência eleitoral, das duas uma: ou estas pesquisas divulgadas são sérias para o bem do bolso dos donos das empresas que a publicam, OU se busca uma amostragem em locais que favoreçam tal candidatura, A FIM DE PAUTAR a convenção do PT, na certeza de forçar o partido a escolher o adversário mais fácil para enfrentar os candidatos da direita porto-alegrense e, ao fim, perder.
Da minha parte, voto em qualquer nome que o PT escolher. Prefiro mil vezes o Rossetto, mas está mais do que provado de que a direita petista consegue ser mais competente do que qualquer direitoso que governou este país. O Governo Lula que o diga!
E será um escândalo político reeleger o Fogaça, ou eleger o Onix. Se esta tragédia acontecer, será preciso escrever uma tese de doutorado a respeito de eleitorado imbecil. Segue nas tuas análises, pois elas são, acima de tudo, desmistificadoras.
Abraço!
Obrigado Cláudia, o objetivo é exatamente este que apontaste.
Abraço
André
Caro André,
Os teus comentários sobre as pesquisas são bastante relevantes. No entanto, sugiro que leia um pouco mais sobre a "margem de erro". Não tenho autores para citar, mas a variação não é de 4%, mas sim de 4 pontos percentuais, para mais OU para menos, e não para mais E para menos. Estatisticamente aumentar 4% não varia necessariamente 4 pontos percentuais em uma pesquisa. Desta forma, a maneira como você explicou ao Marcos Trindade está incorreta. Se Fogaça assume (até) 4 pontos percentuais para mais e obtém 49,7%, Rosseto também tem seu percentual acrescido de 4 pontos percentuais, obtendo 43,2%, pois a variação deve ser acompanhada de 4 pontos percentuais para todos aqueles que encontram-se na pesquisa...
Fiz-me compreendida?
Grata.
Luiza Oliveira
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