terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Avaliação Governo Serra

Em 2010, por acaso, acontecerão somente eleições presidenciais? Em 2010 nenhum atual governador irá ser candidato a presidente? As respostas a estas perguntas, pelo que estamos lendo, ouvindo e vendo são: sim e sim. Então porque não há pesquisas recentes do Datafolha avaliando o desempenho do governo José Serra, principal nome tucano a sucessão? Porque só de Lula, que nem candidato é?
Uma pista, o atual governador de São Paulo talvez não apareça tão bem na foto assim...
A última pesquisa Datafolha sobre o desempenho do governo Serra data de agosto de 2008, um ano e oito meses após o início de seu mandato, antes das eleições municpais. A pergunta sobre seu desempenho foi feita no bojo da pesquisa de intensões de voto para prefeito em São Paulo. Nela Serra tinha, entre os paulistanos (moradores da capital), 39% de ótimo/bom, 41% de regular e 16% de ruim/péssimo. Os mesmos paulistanos, cerca de dois anos após Alckmin ser eleito governador (dez/2004), tinham a seguinte opinião sobre seu governo: ótimo/bom 55%, regular por 31%, e ruim/péssimo 12%.
Serra é um Alckmin piorado?
Nem vou comparar com o desempenho do governo Lula...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Evolução do quadro eleitoral para 2010 I

Faltam ainda cerca de dois anos para as próximas eleições. Muita água ainda vai rolar debaixo da ponte. Os fatores que estão agindo agora provavelmente estarão lá, claro, mas talvez não agindo com tanta força.

Segundo a pesquisa Datafolha, cerca de 55% dos eleitores não tem simpatia por qualquer partido político. A conclusão, a la conselheiro Acácio, é: embora possam não votar em algum candidato porque pertence a um partido qualquer, nenhum candidato específico receberá o voto destes eleitores em função do partido a que pertencem. Para estes eleitores, o partido é uma variável nula ou negativa. A variável positiva é o candidato. Em geral estes eleitores votarão em função, dos atributos do candidato (imagem) e da agenda articuladora do momento. A proximidade entre imagem e agenda também pode contar, e muito. Para este público isto é válido antes ou durante o calendário eleitoral formal.

Dos candidatos que aparecem na pesquisa, pelo menos três tem o núcleo de sua imagem - isto não está na pesquisa, é opinião pessoal - ligada a figura do "bom gestor": José Serra, Dilma Rousseff e Aécio Neves. Os outros dois, Ciro Gomes e Heloisa Helena são vistos como "radicais livres".
Se Serra, Dilma e Aécio simbolizam coisa semelhante, o que poderia explicar a diferença entre eles e, em particular a vantagem do primeiro? Como não há uma agenda articuladora estabelecida (mas muitas específicas), e nenhum dos três tem condições de fixá-la agora, meu palpite é que o posicionamento reflita o cruzamento das variáveis região e histórico nas disputas eleitorais em geral e nas presidenciais, em especial.

Serra e Aécio, tem uma longa ficha em competições eleitorais. O primeiro já disputou uma eleição presidencial e é eterno candidato a presidente. O segundo, embora venha sendo cogitado por um longo período, nunca disputou eleições presidenciais. Daí, creio, a vantagem de Serra sobre Aécio. É isto, me parece, que explica os percentuais de Serra em outras regiões fora de São Paulo vis a vis Aécio (este fica muito próximo de Dilma em todas as regiões exceto a sudeste). Dilma nunca competiu eleitoralmente, dai, certamente, o degrau que a separa dos outros, em especial de Serra (o único que já disputou eleições presidenciais), neste momento.

O mesmo vale para Ciro Gomes e Heloisa Helena. Com um adicional: "Radicais livres" tendem a estar bem posicionados na em pesquisas enquanto a agenda articuladora está indefinida; ou quando a agenda articuladora se define como de "crise política e/ou econômica" aguda, situação em que tende a criar-se um extremo desejo de mudança e um elevado descrédito de instituições e figuras tradicionais ou ligadas as intituições em descrédito. Collor em 1989 é um bom exemplo disto. Como já disse, hoje a agenda articuladora está indefinida.

A região de procedência é um fator que age no detalhe: a vantagem de Serra e Aécio no sudeste é auto-explicativa. A vantagem de Serra sobre Aécio, além do fator histórico em eleições de que falei acima, é diretamente proporcional ao tamanho de São Paulo vis a vis Minas Gerais. O desempenho de Ciro Gomes e Heloisa Helena no nordeste também tem relação com a variável regional.

Bem, mas ainda resta entender o comportamento dos 45% que tem alguma preferência partidária. Atentem para o seguinte quadro, que não está explicíto na pesquisa Datafolha, mas os dados estão lá, para quem quiser calcular. Destes 45% que tem preferência, 54% preferem o PT (23% do eleitorado total), os partidos que chegam mais perto são PSDB e PMDB, cada um com 15% (7% do eleitorado total). (Aqui uma observação entre parenteses: a preferência pelo PT não sofreu nenhuma queda de 2002 para cá, nem com Waldomiro Diniz, nem com "afrouxamento programático", nem com mensalão: em 2002, próximo da eleição 19% (!) dos eleitores preferiam o PT em pesquisa do mesmo instituto Datafolha). Então porque Dilma não está com 24% das intenções de voto? Por uma razão simples: a variável preferência partidária irá (e digo irá, porque irá mesmo, porque sempre foi assim) atuar perto da eleição. Antes disso não há o chamado do partido, antes disso uma parte dos eleitores com alinhamento (aqueles embora tenham simpatias não são filiados) enxergam somente candidatos: "gestores" ou "radicais livres" de centro, direita ou esquerda e nenhuma agenda. Senhores e senhoras, olhem o quadro de simpatias partidárias e façam suas apostas...