sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cenas da disputa presidencial 2010: a desistência de Aécio Neve

Destaque do artigo abaixo:

De maneira diferente, mas com os mesmos fundamentos, repete-se, nas eleições do ano próximo, o problema registrado em 1930. Os paulistas estavam convencidos de que a sua supremacia econômica significava, necessariamente, seu predomínio político sobre a Federação. Em razão disso, vetaram a candidatura do então governador de Minas, Antonio Carlos – o que acabou conduzindo o gaúcho Getulio Vargas ao poder.


A decisão de Aécio Neves

17/12/2009
Por Mauro Santayana, no Jornal do Brasil

Quando, instado por importantes personalidades da sociedade brasileira, entre elas líderes políticos regionais, a candidatar-se à sucessão presidencial, Aécio Neves sugeriu consultas prévias às bases partidárias. Seria a forma mais democrática de escolha. Não deveria o partido, que surgiu da dissidência do PMDB, em oposição ao mando do governador de São Paulo, Orestes Quércia, ficar submetido à vontade de duas ou três personalidades paulistas, como vinha ocorrendo desde a Presidência de Fernando Henrique.

Em uma Federação, os diretórios regionais devem ter o direito de expor suas ideias e suas preferências, de acordo com as condições políticas locais. Não podem transformar-se em caudatários resignados de um diretório em particular. O problema não houve em 1995, porque o PSDB não elegeu o sociólogo; quem o elegeu foi Itamar Franco. O PSDB não o elegeria, sem o claro apoio do presidente da República, que dispunha de prestígio equivalente ao do atual chefe de Estado.

Os paulistas, com Fernando Henrique à frente, se opuseram às prévias, ao perceber que o governador mineiro as venceria facilmente. Aécio, nas visitas esporádicas aos estados, reunia poderosas alianças regionais, em torno dos diretórios de seu partido. Se realizadas, as consultas confirmariam a tendência já registrada. Por isso, Serra, Fernando Henrique e Geraldo Alckmin não aceitaram a consulta.

Não aceitaram a consulta, nem tiveram a coragem de dizer ao governador de Minas que pretendiam impor a candidatura paulista. Interessava-lhes manter as coisas bambas até o prazo final para a filiação partidária, de maneira a impedir que, se o desejasse, Aécio aceitasse disputar a Presidência por outras legendas, que lhe eram oferecidas – entre elas, a do próprio PMDB. Mas ele preferia que sua candidatura se fizesse de baixo para cima, e contava com as prévias.

Não convinha ao governador de São Paulo, nem a seus aliados paulistas, assumir a posição de anti-Lula, conforme percebeu argutamente o senador Pedro Simon, no momento em que o presidente dispõe de altíssimo índice de popularidade, registrado por todos os institutos de pesquisa. Serra preferia fazê-lo no ano próximo, já que previa dificuldades na economia nacional, que trouxessem problemas políticos para o presidente – e de eventuais denúncias contra o PT, tão comuns em tempo de eleição. Ao recusar as prévias, e diante do pronunciamento de Aécio, José Serra já é, na percepção do povo brasileiro, o candidato da oposição, o anti-Lula.

O senador Sérgio Guerra, que manifestara a convicção de que Aécio dispunha de maior capacidade de ampliação de alianças regionais, voltou a elogiar a coragem moral do mineiro, reafirmando que ele será um grande presidente da República se vier a ocupar o cargo. Se o quadro se mantiver, com a candidatura de Serra, o grande beneficiário será Ciro Gomes. Relembre-se que as mesmas pesquisas que dão, hoje, preferência a Serra atribuem a uma chapa Aécio-Ciro 35% de intenções de voto.

De maneira diferente, mas com os mesmos fundamentos, repete-se, nas eleições do ano próximo, o problema registrado em 1930. Os paulistas estavam convencidos de que a sua supremacia econômica significava, necessariamente, seu predomínio político sobre a Federação. Em razão disso, vetaram a candidatura do então governador de Minas, Antonio Carlos – o que acabou conduzindo o gaúcho Getulio Vargas ao poder.

Cabe ao partido decidir em convenção nacional se ratifica o nome de Serra, ou se aceita outra postulação. O tempo é curto, mas ainda não se esgotou. E só a convenção partidária é soberana.

O governador de Minas tem seu prestígio político nacional robustecido pela coragem da decisão de ontem. Minas terá grande peso no pleito do ano que vem, e acompanhará a sua liderança, na hipótese de que não seja candidato à Presidência da República, e sim ao Senado. A leitura atenta da carta que enviou ao partido não o compromete em favor de qualquer candidatura. Como registrou a imprensa, ele não mencionou o nome do governador de São Paulo. A nota de Serra, nos termos em que foi redigida, era esperada. Ele tentou, com os elogios a Aécio, e em atitude diplomática, convencer os diretórios regionais do PSDB de que a agremiação é “democrática”.

O anúncio de Aécio não encerrou a questão, nem decidiu o pleito. É mais um movimento do processo sucessório, que promete ainda fortes surpresas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cesar Benjamim

O único comentário que farei sobre o já famoso artigo do Cesár Benjamim sobre o Lula não será sobre o artigo, mas sobre ele. E, já me desculpando, não encontrei outro jeito de caracterizá-lo...

Em todo grupo há o sujeito que faz a diversão da turma nas piadas. O Césinha é do tipo que cai em todas as pegadinhas do tipo:

1. Que time é teu?

2. Você está num navio com seu cachorrinho chamado Nabunda. O barco afunda. Você leva Nabunda ou deixa Nabunda?

3. Qual é o aumentativo de dacueba?

4. Meu pai está pensando em fazer um churrasco. Com 30 quilos de carne dá pra 20 comer?

5. Você chegou há pouco de fora?

Não dá prá levar a sério.

Golpe em Honduras II: vejam o que os norte-amenricanos recoheceram como eleições democráticas

Eleitor hondurenho indo por vontade própria em direção a urna


Professor do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-oeste do Paraná e diretor do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN, Hélvio Henrique Mariano, que está em Tegucigalpa participando de uma missão de observadores internacionais convocada para acompanhar o pleito:

"Existem mais de oito mil mesas eleitorais espalhadas por Honduras, e os votos ainda são em cédulas impressas em papel. Após o fim da votação, cada seção eleitoral apura seus votos e o presidente da mesa eleitoral informa o resultado final por telefone celular a uma central de processamento de dados que fica na capital Tegucigalpa", esclarece, acrescentando que é o próprio exército golpista que guarda urnas e cédulas.

Para o relato completo vá ao site da ANDES.



E a história continua, o Governo Norte-americano continua produzindo golpes

Eleições não são sinônimo de democracia. Nós brasileiros sabemos bem: durante mais de duas décadas, de 1964 a 1985, eleições foram realizadas no Brasil sob ditadura militar. Democracia não existe sem eleições, mas eleições existem sem democracia. Isto porque, para serem democráticos, processos eleitorais precisam, no mínimo, além de eleições, incluir escolhas reais para os eleitores (liberdade e, ao menos relativa, igualdade de organização e articulação para todas as forças políticas) e liberdade de expressão e manifestação. Alguém tem coragem de dizer que isto existiu em Honduras? Do golpe a eleição meios de comunicação foram fechados quando manifestavam contrariedade com o golpe e sindicatos, organizações e manifestações populares foram reprimidas.

Para o governo norte-americano, no entanto, isto não tem a menor importância, quanto mais pasteurizado o processo eleitoral, melhor. É isto que está contido nas manifestações recentes do governo dos EUA:

Em um comunicado, o Departamento de Estado elogiou os hondurenhos por "exercer pacificamente seu direito democrático de escolher seus lideres" (Washigton Post, 01.12.2009)

A questão não é saber quem vai ser o próximo presidente", Arturo Valenzuela, o novo secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, disse a jornalistas em Washington. "O povo hondurenho decidiu isso. A questão é se o legítimo presidente de Honduras, que foi derrubado em um golpe de Estado, será devolvido ao posto. " (New York Times, 30.11.2009)


A questão, na verdade, é que não ocorreram eleições democráticas em Honduras.

A cortina de fumaça é produzida quando se igualam democracia e eleições. As aparências enganam...