Caro (a) amigo (a),
Qual desses "oráculos" você acha que a população consulta, com mais freqüência, para saber do que acontece na política?
a) Partidos e/ou seus representantes (deputados, vereadores, prefeitos, ...);
b) Sindicatos;
c) Família;
d) Imprensa falada, "televisada" e escrita;
e) Igreja.
Alguns responderão família, outros tantos igreja, muitos dirão imprensa e alguns gatos pingados, dentre milhões de brasileiros (as), mencionarão partidos e sindicatos. Além disso, parte significativa destes "gatos pingados" heróicos saberão da posição de seus partidos de preferência pela imprensa. Dessa forma, a resposta mais provável é a letra d: Imprensa falada, televisada e escrita.
Recorri a esta pergunta e calculei a provável resposta, amigas e amigos, em função de uma cisma, uma "pulga atrás da orelha". Está se dando de barato que os deputados gaúchos terão grandes dificuldades para votar a elevação de impostos que a governadora Yeda está propondo. Dificuldades talvez, grandes acho que não. Ou melhor, no final do ano passado tiveram, nas atuais circunstâncias teriam, mas em um futuro próximo talvez não tenham. Explico-me.
O principal elemento que cria a mencionada dificuldade é a preocupação com o mercado do voto que, via de regra, partidos e deputados tem. Como disse no post anterior, praticamente toda a sociedade gaúcha organizada está contra o aumento de impostos. Há, sem dúvida, uma opinião corrente contra aumento de impostos na sociedade gaúcha. Quem nutre o desejo de ser votado na próxima eleição, certamente estará vendo nisso um obstáculo para votar a favor do aumento de impostos proposto pelo governo Yeda. Jogo jogado? Estamos diante da mesma situação de dezembro passado, quando o governo Yeda teve seu primeiro pacote derrotado na Assembléia? Não.
O jogo está no início.
Qual é a situação?
Parte dos eleitores, aquela fração que forma a sua opinião pelas entidades da sociedade organizada, já deve estar convencida de que o pacote é ruim, de que existem outras alternativas.
A outra parte, a maior, caso acreditemos na resposta que julgo mais provável à pergunta com a qual iniciei este post, forma sua opinião individualmente, isoladamente, lendo e ouvindo jornais, televisões e rádios. Neste também impera - e deve continuar operando - a ideologia anti-aumento de impostos. Como mudar isto? Não mudando!
A imprensa está organizando a informação para convencer o eleitor de que o inferno virá se não aprovarem o pacote. Vejam o refinamento, não se trata de remover do eleitor a ideologia anti-estatal, anti-aumento de impostos, etc. Isto soaria incoerente, sabem bem os que ajudaram a reforçar esta ideologia. Então cria-se a idéia da situação excepcional, para a qual supostamente contribuíram todos os governos durante mais de 30 ano, etc., etc.. Tenta se criar a imagem de um RS no purgatório por desgoverno de todos. Foge-se da incoerência usando a velha fórmula do remédio amargo (ou ardido) que cura ou do choque elétrico, se preferirem. Se a população acreditar nisso, estará removida a dificuldade para os deputados, estará feito o estrago...
Uma sugestão para os que, ao contrário de mim, ainda tinham alguma ilusão na imprensa "livre" como instituição de controle sobre abusos de governos: É melhor começar a procurar o partido, o deputado mais próximo, a igreja, a família, o sindicato, os amigos e amigas... Porque o páreo é duro.
P.S.:
Para os que ainda não acreditam no que eu escrevi, o que é um direito inalienável...
Para ilustrar o que escrevi, vejamos, por exemplo, os editoriais de Zero Hora sobre o Pacote (poderia ter usado os do Correio, mas eles inventaram de fechar o acesso ao site aos seus assinantes). Só os títulos e um pequeno trecho, prá não encher o saco de vocês:
Zero Hora, Edição de 02/10/2007: "O Choque da Crise"
"Cabe aos cidadãos e seus representantes debater essa grave questão e posicionar-se. É hora de fazer valer as principais premissas que pautaram o Pacto pelo Rio Grande e de resgatar a prosperidade perdida nas últimas três décadas. Mas também é impositivo que os governantes mostrem aos cidadãos perspectivas de retirar o Estado da armadilha em que se encontra, com uma máquina pública dispendiosa e ineficiente. Se os gaúchos vão ser chamados novamente ao sacrifício, precisam saber que tipo de Estado terão que salvar - se o Estado perdulário atual, refém de castas protegidas por legislações dissociadas da realidade, ou se um Estado capaz de se reerguer das cinzas para oferecer justiça e desenvolvimento."
Zero Hora, Edição de 05/10/2007: "O pacote contra a crise"
"O pacote expõe o drama real do Estado. Só o confronto de idéias dirá se essa é a melhor forma de evitar que a crise continue depreciando os indicadores econômicos e sociais do Rio Grande do Sul. Reverter esse quadro, a partir do saneamento fiscal e da modernização administrativa, é tarefa histórica que precisa envolver todos os poderes e todos os setores."
Bom início de semana...