quarta-feira, 12 de maio de 2010

Novos tempos, novas formas


Hoje li a seguinte notícia, no blog do Eduardo Guimarães, o Cidadania.com:

Justiça e PF investigarão pesquisas

A quem possa interessar:

Conforme informações obtidas pelo Departamento Jurídico do Movimento dos Sem Mídia — MSM – na tarde desta 3a. feira, 11/05/2010, em Brasilia – DF, a Vice-Procuradora Geral Eleitoral do Ministério Publico Eleitoral Federal, Dra. Sandra Cureau, acolheu a representação de nossa Organização no sentido de que as pesquisas feitas e por fazer em 2010 pelos institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi, sejam auditadas.

A Procuradoria determinou em despacho que “se extraiam cópias na íntegra da Representação Eleitoral do MSM e da lista de adesões dos cidadãos brasileiros que a apoiaram, remetendo os documentos à Superintendência da Polícia Federal em Brasília – DF, para que a Polícia Federal proceda a Abertura de inquérito Policial para apurar suposta prática de Crime Eleitoral de Realização e Divulgação de Pesquisa Eleitoral Fraudulenta”.

O processo junto à Procuradoria Geral Eleitoral – DF recebeu o número 4559.2010-33

Atenciosamente,

Eduardo Guimarães

Movimento dos Sem Mídia

Presidente

O que este fato revela, junto com inúmeros outros que poderíamos listar aqui, é que a blogosfera (como é conhecido o universo habitado pelos blogueiros) mais do que uma mídia, uma forma de informar-se, organizar informação e produzir opinião, é um movimento social. O mais recente movimento social, sobretudo mas não somente, urbano. Com potencial para induzir e sustentar, em aliança com outros movimentos e com o devido apoio institucional,  processos de mudança social e política.

Em um passado não muito distante, décadas de 80 e 90, em Porto Alegre, os movimentos sociais comunitários cumpriram o papel de indutores e base de sustentação de um projeto de mudança social, articulados em um processo de participação que ficou conhecido como Orçamento Participativo. Este processo resultou, entre outras coisas, na amplificação da agenda destes movimentos:  assegurou que esta saísse do nicho clientelista e tornou-a amplamente conhecida e legitimada na sociedade local. Esta amplificação foi feita através da construção de uma relação democrática, direta e autonoma deste movimento com o Estado.


Um programa de governo de esquerda deveria, prioritariamente, pensar em estruturas e processos que permitissem a participação democrática, permanente e direta, mantendo autonomia, deste movimento social no processo de reorientação do Estado para uma estratégia de mudança social. As que foram construídas até aqui não me parecem dar conta, uma vez que não lidam com o mundo dito "virtual" (aliás, virtual apenas quanto a forma).

A formação de uma rede, reconhecida por este movimento e pelo Estado, onde fossem discutidos e decidos formatos de politicas públicas poderia ser um bom começo...

Nenhum comentário: