sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Voltando...

Vou, novamente, tentar voltar a publicar aqui no blog. Reinicio publicando três textos: dois de Vladimir Safatle, filósofo, colunista da Folha de São Paulo, e um de Carlos Lessa, economista, ex-Presidente do BNDES. 
Os dois primeiros textos, publico especialmente por apresentarem uma reflexão que pode estabelecer marcos para pensar de uma forma menos simplista - dado pela maioria - o tema "como enfrentar a corrupção". Isto embora nenhum dos dois trate especificamente deste tema. 
A maioria, e em particular pela "grande" mídia, traça uma relação direta, linear e praticamente exclusiva, da corrupção com os políticos. Portanto, nesta linha, menos políticos=menos corrupção. Os políticos, nesta versão, deveriam ser substituídos por técnicos. No texto sobre a Comissão da Verdade, intitulado "Suportar a Verdade", Safatle nos lembra que uma nuance desta saída já foi urdida no passado, em uma página deletéria da história brasileira, onde militares (técnicos da guerra, não?) substituiram políticos democraticamente eleitos, e tudo o que não se produziu foi redução da corrupção:
"Esta é, sem dúvida, a parte mais obscura da ditadura militar. Ou seja, espera-se de uma Comissão da Verdade que ela exponha, além dos crimes citados, o vínculo incestuoso entre militares e empresariado. Vínculo este que ajuda a explicar o fato da ditadura militar ter sido um dos momentos de alta corrupção na história brasileira (basta lembrar casos como Capemi, Coroa Brastel, Lutfalla, Baumgarten, Tucuruí, Banco Econômico, Transamazônica, ponte Rio-Niterói, relatório Saraiva acusando de corrupção Delfim Netto, entre tantos outros)."

No outro texto, aparece uma pista sobre o caminho que poderíamos tomar para enfrentar, em nível político, o traumático tema da corrupção. Qual a construção institucional bloqueada, na esquerda e na direita do espectro político, a ponto de sequer entrar nas discussões sobre reforma política?

"Se você critica as brutais desigualdades das sociedades capitalistas, insiste no esvaziamento da vida democrática sob os mantos da democracia parlamentar, então está sorrateiramente à procura de reconstruir a União Soviética ou de exportar o modelo da Coreia do Norte para o mundo.
Se você critica os descaminhos da Revolução Cubana ou a incapacidade da esquerda em aumentar a densidade da participação popular nas decisões governamentais, criando, em seu lugar, uma nova burocracia de extração sindical, então você ingenuamente alimenta o flanco da direita."

O terceiro texto, de Carlos Lessa, publico por apresentar, como pano de fundo, a promíscua cruza entre a "grande" mídia e empresas privadas anunciantes (no caso particular, as importadoras de automóveis). Nesse texto, Carlos Lessa desnuda, sutilmente, como uma opinião interessada traveste-se de opinião dirigida exclusivamente para a pridução do bem comum.

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