sexta-feira, 29 de abril de 2011

Texto do Enéas de Souza sobre as duas grandes adversidades do governo Dilma

O texto abaixo, "As duas Grandes Adversidades do Governo Dilma", serve como um excelente balisador para acompanhar a trajetória que desenvolverá o governo Dilma. Segundo Enéas, para concretizar seu projeto nacional o governo Dilma terá que superar duas adversidades: as complicações nascidas de uma nova etapa de uma nova ordem política e econômica mundial - com implicações sobre a estratégia de inserção internacional do Brasil - e um cenário doméstico de intensificação das lutas sociais, em boa parte fruto dos sucessos obtidos pela etapa anterior do projeto político a que se filia: o governo Lula. 

A hipótese central de Enéas é que "para encarar essa dupla adversidade, Dilma tem que contar com o Estado." É com ele que se encara o pesado jogo das disputas na arena política e econômica internacional e, também, é ele o único com capacidade de "organizar" as disputas sociais internas.

O problema é que a organização estatal existente no Brasil não é apropriada para enfrentar, com a devida força e competência, a dupla adversidade que se apresenta. Segundo Enéas: 

"o Estado não conseguiu dar um salto próprio, nem conseguiu realizar uma parceria hegemônica com o setor privado, capaz de atuar no interesse nacional e não no interesse dos grupos particulares. Por isso, não tem forças para poder controlar o câmbio, nem definir positivamente a taxa de juros, nem ter uma política econômica global, etc."

Este salto estaria esbarando na "resistência dos dominantes e nas múltiplas questões que se agravam no país". Organizar  e por em operação uma estratégia clara e mudar o Estado de patamar é o primeiro e grande problema. A de Lula já não serviria mais e, para Enéas, o governo Dilma ainda não conseguiu estabelecer, operar, a sua:

"Seja porque as relações das forças sociais nacionais e internacionais não permitem; seja porque o governo ainda está se instalando; seja porque ainda está enfraquecido pela ideologia neoliberal que teve vigência desde os anos 90; seja porque, na luta internacional, o modelo chinês de presença do Estado não encontrou ainda caminho de expansão; seja porque é preciso novamente acumular forças para tentar progredir para uma nova organização estatal(...)" 

 O governo Dilma tem então, a dura tarefa de reorganizar o seu Estado em meio a reorganização (ainda com destino controverso, como revelam as análises diversas de gente como Arrighi, Wallertein e Fiori, embora exista o consenso de que não será unipolar) da ordem política e econômica mundial e do latente aumento das tensões sociais internas ao Brasil. Não é pouco...

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